DA REPORTAGEM LOCAL

Figura de destaque da cena alternativa de hip hop e rock que emergiu no Rio de Janeiro na década de 1990, o rapper BNegão mostra, em entrevista ao programa "Panorâmica", da rede STV, que continua coerente com sua linha de pensamento em prol da independência artística.
Um dos membros originais do Planet Hemp -a mais bem-sucedida banda daquele cenário, ao lado do Rappa-, BNegão se declara avesso ao caminho "festeiro" trilhado por seu companheiro de banda Marcelo D2. "A parte [do hip hop] que tem mais destaque na mídia e entre a classe alta é a mais comercial, que não faz diferença ideologicamente. Para quem trabalha com o som de modo combativo, às vezes é até ruim, porque bota todo mundo no mesmo saco. Você fala que faz hip hop, e neguinho já acha que você é o 50 Cents [rapper americano de sucesso], que está fazendo que nem o Marcelo [D2]", explica.
Seguindo seu caminho "combativo", BNegão saiu do Planet e lançou um disco solo, acompanhado da banda Seletores de Freqüência, o ótimo "Enxugando Gelo" (2003). Praticando o que prega, disponibilizou o álbum gratuitamente na internet.
"Eu sou a favor de baixar música na internet e de comprar disco pirata, porque tem que ter acesso, não dá para ficar cada vez mais elitizado, que é a tendência. Com R$ 30 você compra 12 CDs piratas, então vai no piratão mesmo", defende ele, que também lançou seu disco encartado na revista "Outracoisa". "A distribuição em banca é ótima para quem, como a gente, não tem dinheiro nenhum para divulgação", explica.
O programa da STV tem um formato de entrevista parecido com o do "Ensaio", da Cultura, onde só se ouve a voz do entrevistado. Entre cada bloco, algumas informações aparecem na tela -"É sobrinho do lendário músico e arranjador J.T. Meirelles", por exemplo. A lamentar, o fato de que nem um trecho de música do convidado é exibido. (MAC)