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TELEVISÃO
Emissora muda regras da versão original registrada em setembro pela empresa que se diz criadora do programa
SBT desfigura roteiro de "Casa dos Artistas"
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
O "reality show" "Casa dos Artistas" é uma versão desfigurada
de "A Convivência de Artistas",
texto de quatro páginas que serve
de base legal para o SBT ter o registro dos direitos autorais do
programa sensação da TV.
Do "original", praticamente só
sobrou o conceito de reunir 12 famosos em uma casa monitorada
por câmeras de "30 a 90 dias".
Nem o confinamento absoluto foi
mantido. Registrado na Fundação Biblioteca Nacional, "A Convivência de Artistas" resume conceitos e regras básicas da atração.
De acordo com o documento,
"Casa dos Artistas" chegaria ao
fim com quatro participantes. No
último episódio, o vencedor sairia
de votação do público -e não
por eliminações entre os artistas.
Se for mantido o calendário original, e "Casa dos Artistas" acabar
no próximo dia 16, a final terá cinco competidores (e não quatro,
caso nenhum deles abandone espontaneamente a gincana).
Por contrato com a Intermídia,
empresa que diz ter criado o programa e que o registrou na Biblioteca Nacional com o nome de "A
Convivência de Artistas", o SBT
pode mudar as regras, desde que
isso "não desfigure ou modifique
a essência da obra intelectual".
Dois pilares "básicos" do projeto foram dinamitados nos primeiros oito dias. O original prevê a
eliminação de dois participantes
por semana, em votação entre os
artistas. O SBT mudou: os artistas
votam em quem eles querem que
saia da casa, mas é o público, em
até 20 telefonemas, que decide o
eliminado entre os dois mais votados pelos competidores.
Diz o roteiro da Intermídia que
qualquer artista é livre para deixar
a casa quando bem quiser: "A
porta estará sempre aberta para
aquele que não aguentar mais,
mas, uma vez fora, não poderá
mais voltar". Alexandre Frota, um
dos protagonistas do "elenco",
abandonou a competição no oitavo dia, ficou mais de 24 horas coletando informações, resolvendo
negócios e dando entrevistas. E
voltou após conversa com Silvio
Santos e um aumento do cachê.
O documento também diz que
os artistas teriam que limpar a casa e a piscina, cozinhar e "até alimentar o bicho de estimação". Tirando os bichos, isso chegou a ser
cumprido, mas a limpeza já não é
mais feita pelos competidores.
Também ficou só no papel, até
agora, previsão de que médicos e
psicólogos participariam das edições de domingo de "Casa".
Do ponto de vista jurídico, a Intermídia é detentora dos direitos
autorais e co-produtora de "Casa". Documentos obtidos pela Folha, publicados ontem em reportagem, revelam que a Intermídia
registrou a propriedade intelectual de "A Convivência de Artistas" em 14 de setembro, quatro
dias antes de assinar contrato
com o SBT. Mas, dois meses antes, o SBT já havia pedido o registro da marca "Casa dos Artistas".
Para a TV Globo, a Intermídia
seria uma "empresa de fachada"
para proteger o SBT de acusação
de que "Casa dos Artistas" seria
plágio de "Big Brother".
O SBT e a Intermídia negam as
acusações. Afirmam que toda a
negociação ocorreu em setembro.
Segundo o SBT, a marca "Casa
dos Artistas" foi registrada antes
de a emissora ter conhecimento
do programa porque seria uma
variante de uma atração do Teleton, "Batalha dos Artistas".
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