São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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TRECHO

No dia posterior à demissão, começaram a especular: quem seria o novo técnico? Ele mudaria ou manteria as feras?
Seríamos campeões sem Saldanha?
Pelas declarações que deu nos dias e anos subseqüentes à queda, parece que João, mesmo com a crise, indicara técnicos para substituí-lo:
- Para ver como são esses homens: no dia seguinte, me ligam e perguntam quem eu achava bom para treinador. Dei três nomes: Otto Glória, Dino Sani e Zagallo.
No Itanhangá, os jogadores, sentindo o baque da saída de João, ficaram abatidos e preocupados com o desenrolar da crise. Afinal, até que se divulgasse a lista do novo treinador, todos, exceto Pelé, temiam o corte. Uns mais, outros menos, mas a indefinição tomou conta do treino, dirigido por Admildo Chirol.
Quando chegou a notícia oficial do afastamento de João, alguns pensaram em fazer um manifesto, um motim, segundo o zagueiro Brito, que chegou a conversar com os companheiros. No entanto, o próprio João os demoveu da idéia e pediu que suas feras trouxessem a Jules Rimet como forma de homenageá-lo.
Brito, depois que soube de todos os detalhes, comentou: - Então, não tinha alternativa. O homem é doido mesmo. Doido no bom sentido, pelo temperamento, por ser uma pessoa franca.

Extraído de "João Saldanha: Uma Vida em Jogo", de André Iki Siqueira


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