São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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CRÍTICA

"Jovens Tardes" é perda de tempo no sofá

XICO SÁ
CRÍTICO DA FOLHA

No momento em que a telenovela global vive o seu pior drama, com o sagrado núcleo das oito ao rés-do-chão do Ibope, vem um tal de "Jovens Tardes" a tentar convencer pela nostalgia das canções, trilhas sonoras das antigas apresentadas pela voz da ejaculação precoce. Paciência.
Os meninos do KLB, aqueles que representaram os jovens, a preço de ouro, na campanha de José Serra (PSDB). E outros contratados de Marlene Mattos. Meu Deus do céu, o que fizemos por merecer tal castigo? Deve ser coisa de vidas passadas, creio.
Teve também Wanessa Camargo, toda metida a gostosa, na pele de apresentadora, com o pai, aquele que se engajou, a preço também de Serra Pelada, no triunfo de Lula da Silva (PT). Zezé & Luciano a cantar, no embalo da filha, a menina veneno de Ritchie. "O abajur cor-de-carne...". Eis a redondilha maior, senhores.
Como são androginados esses meninos que apresentam o programa, embora o tom recomendado pela ex-dona de Xuxa seja o sexy total. Os meninos se esforçam, boquinhas ao vento, coitados. Coitados, nada. Meninos-escravos, os carvoeirinhos globais de sempre. Germinal 2002.
É tão triste o espetáculo que nem merece quaisquer mal traçadas linhas. Melhor um passeio no Minhocão -falta de praças gregas e públicas em SP- do que acompanhar esses garotos perdidos.
Coitada também da produção, sempre mal paga, obrigada a encontrar gente como Rosana, para cantar "Como uma Deusa...". O bom cearense Ednardo, em busca do carneiro perdido da MPB, aceitou cantar seu "Pavão Misterioso", aquele de "Saramandaia" (1976). Maracatu estragado por uma coreografia medonha, tipo balé do Faustão, sabe?
A salvaçãozinha foi aquela cena de Sônia Braga ao abaixar a calça colante em "Dancing Days". Ah, como é triste a vida do domingueiro de TV! Em qualquer esquina, qualquer hora, qualquer parque esgotado da cidade, há sempre algo mais interessante do que essas assombrações impostas aos velhos "psits", como os Trapalhões sempre apelidaram os nobres sentados no sofá.


Jovens Tardes  
Quando: domingo, às 13h50, na Globo.



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