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MUNDO DE BACO
Há preços camaradas além do Cone Sul
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Nem todos os bons vinhos
com preço camarada têm de
ser necessariamente sul-americanos. Uma boa garimpada nos estoques das importadoras pode revelar goles do Velho Mundo a
preços razoáveis, muitos deles
elaborados com uvas nativas daquelas bandas, ideais para brindar o paladar com sabores bem
diferentes dos clássicos chardonnay e cabernet que dominam a cena vinícola do Cone Sul.
Algumas regiões emergentes da
Itália são uma boa fonte desses vinhos. Na Úmbria, por exemplo,
uma província localizada no centro do país, a oeste da Toscana,
conhecida por seus (nada brilhantes) brancos Orvieto, estão
surgindo bons tintos, como os
dois da Cardeto, o Rosso 99 e o
Nero Della Greca 98 -que acabam de desembarcar por aqui.
Cerca de 400 viticultores e 1.200
hectares de vinhedos estão por
trás dos vinhos Cardeto, que, na
realidade, são elaborados por
uma grande cooperativa, a
Co.Vi.O. (ou Cooperativa Vitivinícola de Orvieto), que conta com
a ajuda do renomado enólogo italiano Riccardo Cotarella.
O Rosso 99 é bem frutado, tem
um toque levemente herbáceo no
aroma, bom corpo e sabor com
um componente balsâmico e de
folhas secas que lhe dá complexidade. O Nero della Grecca (um
corte de 85% de uvas sangiovese e
15% de merlot), mais encorpado,
tem sabor intenso e concentrado,
que mescla frutas secas, ervas aromáticas e baunilha num paladar
com textura um pouco tânica,
mas agradável.
Puglia (no extremo sul da Itália,
ocupando o salto da bota) é outra
região com tintos em ascensão.
Vale a pena conferir o Santa Lucia
Castel del Monte 96, um tinto de
uvas tróia e montepulciano, envelhecido oito meses em carvalho,
equilibrado, com perfume e paladar rico (ameixas pretas, frutas
secas, especiaria) e de boa persistência.
Há também boas opções espanholas. Uma delas é o Prado Rey
Roble 98, um vinho de Ribeira del
Duero, no noroeste do país (terra
do tremendo Veja Sicília), elaborado pela Real Sitio de Ventosilla,
uma jovem "bodega" fundada em
1996. O Roble 98 (100% tempranillo) tem corpo médio e paladar redondo e atraente (cereja, ameixas
maduras) marcado sem exageros
pela madeira.
Outra é o Tochuelo, um branco
oriundo de Vinos de Madrid
-região ao sul da capital espanhola- elaborado pela vinícola
Francisco Casas, que também estréia no Brasil. Ele é um vinho leve, de uvas malvasia, com aroma e
sabor de frutas tropicais (com um
toque cítrico), boa acidez e (como
o Rosso da Cardeto) preço praticamente imbatível para sua qualidade.
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