São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2001

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MUNDO DE BACO

Há preços camaradas além do Cone Sul

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA



Nem todos os bons vinhos com preço camarada têm de ser necessariamente sul-americanos. Uma boa garimpada nos estoques das importadoras pode revelar goles do Velho Mundo a preços razoáveis, muitos deles elaborados com uvas nativas daquelas bandas, ideais para brindar o paladar com sabores bem diferentes dos clássicos chardonnay e cabernet que dominam a cena vinícola do Cone Sul.
Algumas regiões emergentes da Itália são uma boa fonte desses vinhos. Na Úmbria, por exemplo, uma província localizada no centro do país, a oeste da Toscana, conhecida por seus (nada brilhantes) brancos Orvieto, estão surgindo bons tintos, como os dois da Cardeto, o Rosso 99 e o Nero Della Greca 98 -que acabam de desembarcar por aqui.
Cerca de 400 viticultores e 1.200 hectares de vinhedos estão por trás dos vinhos Cardeto, que, na realidade, são elaborados por uma grande cooperativa, a Co.Vi.O. (ou Cooperativa Vitivinícola de Orvieto), que conta com a ajuda do renomado enólogo italiano Riccardo Cotarella.
O Rosso 99 é bem frutado, tem um toque levemente herbáceo no aroma, bom corpo e sabor com um componente balsâmico e de folhas secas que lhe dá complexidade. O Nero della Grecca (um corte de 85% de uvas sangiovese e 15% de merlot), mais encorpado, tem sabor intenso e concentrado, que mescla frutas secas, ervas aromáticas e baunilha num paladar com textura um pouco tânica, mas agradável.
Puglia (no extremo sul da Itália, ocupando o salto da bota) é outra região com tintos em ascensão. Vale a pena conferir o Santa Lucia Castel del Monte 96, um tinto de uvas tróia e montepulciano, envelhecido oito meses em carvalho, equilibrado, com perfume e paladar rico (ameixas pretas, frutas secas, especiaria) e de boa persistência.
Há também boas opções espanholas. Uma delas é o Prado Rey Roble 98, um vinho de Ribeira del Duero, no noroeste do país (terra do tremendo Veja Sicília), elaborado pela Real Sitio de Ventosilla, uma jovem "bodega" fundada em 1996. O Roble 98 (100% tempranillo) tem corpo médio e paladar redondo e atraente (cereja, ameixas maduras) marcado sem exageros pela madeira.
Outra é o Tochuelo, um branco oriundo de Vinos de Madrid -região ao sul da capital espanhola- elaborado pela vinícola Francisco Casas, que também estréia no Brasil. Ele é um vinho leve, de uvas malvasia, com aroma e sabor de frutas tropicais (com um toque cítrico), boa acidez e (como o Rosso da Cardeto) preço praticamente imbatível para sua qualidade.


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