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A soberana do hip hop
Lady Sovereign,
19, é o novo hype do gênero nos Estados Unidos; branca e inglesa, a cantora bombou pela internet
TEREZA NOVAES
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma soberana desponta na milionária (e misógina) corte do hip
hop americano. A inglesa Lady
Sovereign, 19, é a primeira MC
(mestre-de-cerimônia ou cantora) branca a assinar com uma
grande gravadora, a Island Universal. Seu disco de estréia está em
produção nos EUA, com o aval de
Jay-Z e LA Reid -dois poderosos
nomes da indústria do rap.
Como uma garota que não tem
sequer um disco completo lançado, e que vem de um país com
pouca tradição no hip hop, se torna uma sensação? Graças, principalmente, à internet -a exemplo
do que aconteceu com a anglo-singalesa M.I.A.
Mas Lady Sovereign (no diminutivo, Lady Sov) é de outra turma, a do grime. O estilo surgido
em Londres combina vocais rápidos sobre bases de hip hop e
drum'n'bass -o gênero eletrônico cujas batidas predominantes
são a bateria e o baixo. O primeiro
hype da geração grime é Dizzee
Rascal, que tocou no Rio em 2005.
A vertente conquistou as pistas
no mundo via rádios piratas e
blogs (veja texto nesta página).
Num meio em que a maioria é
homem e negra, o potencial de
Lady Sovereign -jovem, branca,
cheia de atitude e talentosa- foi
rapidamente percebido pela indústria fonográfica e pela mídia.
Aos fatos: seu uniforme é um
agasalho Adidas customizado,
com uma pequena coroa no lugar
da tradicional insígnia -uma de
suas músicas se chama "Adidas
Hoodie" (casaco); há adesivos
promocionais com o seu nome
colados pelos bairros descolados
de Nova York; e revistas como "I-d" e "Urb" a estamparam na capa.
Comparada ao americano Eminem, pela atitude "outsider" e,
claro, por ser branca, ela refuta ser
a versão de saias do cantor. Os críticos a apelidaram de "Feminem".
Assim como o polêmico rapper,
Lady Sovereign -seu nome na
identidade é Louise Harman-,
teve uma infância que, segundo a
própria, inclui muitas histórias
tristes (quem não as têm no rap?).
Os pais eram punks e viviam às
turras; ela deixou a escola aos 16;
foi presa aos 17; e saiu de casa definitivamente aos 18.
Ladra
"A última vez que estive na prisão tinha 17. Fiquei jogada numa
cela por nove horas. Eu era uma
ladra. Não podia comprar nada,
não tinha roupas nem presentes
de Natal. Tinha que pegar desse
jeito", declarou à "Urb".
O nome artístico, que significa
senhora soberana, ganhou depois
de ter roubado um anel com o desenho de uma coroa. "Não roubo
mais, mas isso foi um modo de vida para mim durante dois anos."
Da passagem das ruas para a fama, ela coleciona outros causos.
No ano passado, depois de sua
primeira apresentação em Nova
York, na casa de shows Knitting
Factory, Lady Sov declarou que
gostaria muito de ter pulado durante a performance, mas não pôde. "Se tivesse feito isso, as pessoas que estavam na frente ficariam cobertas de vômito." A culpa, disse ela, teria sido de um
cheeseburger do McDonald's.
Apesar da fama de louca, muita
gente põe fé na menina. A faixa
"Blah Blah", que já circula na internet, sairá num EP remixada pelos ingleses do Basement Jaxx.
Seu álbum de estréia, "Public
Warning" -prometido para
março-, tem participações de
superprodutores como Timbaland e da dupla The Neptunes,
que assina os hits "I'm a Slave 4
U", de Britney Spears, e "On and
On", de Missy Elliot.
Enquanto o disco não é lançado
-não há ainda previsão para o
Brasil-, é possível ouvir o som
de Lady Sov na internet ou num
dos três EPs que já saíram lá fora.
O reinado da inglesinha caminha bem, mas há pouco, ela passou por um hospital. Diagnóstico:
síndrome de pânico. A coroa começa a pesar?
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