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TEATRO
Comédia musical sobre vida e obra do compositor americano vem do Rio
São Paulo vê "Cole Porter" de Botelho e Möeller
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ele me pediu o mundo, eu dei",
diz a mãe.
"Só era infeliz quando ele não
estava por perto", diz a mulher.
"Eu só fui um atalho", diz sua
agente.
"Já vi muitos gigolôs na Europa
que se vestem como ele", diz sua
promoter.
"Prefiro cantar suas canções do
que as de qualquer outro compositor", diz sua atriz favorita.
"Vou apagar a luz e esperar que
você me beije", sela Madame M,
ou a Morte, única personagem
fictícia entre as mulheres protagonistas de "Cole Porter - Ele Nunca
Disse Que me Amava", a comédia
musical que vem da temporada
carioca de nove meses (cerca de
50 mil espectadores) e estréia hoje
em São Paulo, no teatro Alfa Real.
Trata-se de mais um projeto da
dupla Claudio Botelho e Charles
Möeller, principais responsáveis
pela retomada dos musicais na
cena carioca ao longo da última
década, com espetáculos como
"Hello, Gershwin", "As Malvadas", "O Abre-Alas", "Na Bagunça do Teu Coração" e, mais recentemente, "Company", o clássico
de Stephen Sondheim, em cartaz
no Rio.
Orçada em R$ 200 mil (mais R$
150 mil da produção paulista),
"Cole Porter" estreou em maio de
2000. A partir da pesquisa em torno da vida e da obra do compositor americano Cole Albert Porter
(1892-1964), Möeller criou enredo
do ponto de vista das mulheres
que mais diretamente o influenciaram, afetiva e artisticamente.
Porter criou cerca de 800 composições para teatro musical. Entre os espetáculos que mais marcaram sua carreira internacional,
Broadway e Hollywood à frente,
estão "Wake Up and Dream"
("Desperte e Sonhe", 1929); "Gay
Divorce" ("Alegre Divórcio",
1932) e "Anything Goes" ("Vale
Qualquer Coisa", 1934).
Na história de Möeller, o compositor propriamente não entra
em cena. Cabe às mulheres contar
e cantar o gênio, um homem frágil, franzino, dado a festas luxuosas, um bon vivant que exercia
fascínio ou repúdio em seu círculo pessoal -ou fora dele-, mas
conquistava a todos quando sentava ao piano.
São interpretadas 39 canções,
entre elas, sucessos como "Night
and Day", "I Get a Kick Out of
You" e "Everytime We Say
Goodbye". "Optamos por traduzir as canções menos conhecidas
e manter no original os clássicos
de Cole Porter", afirma Claudio
Botelho, 36.
As seis intérpretes possuem experiências distintas em relação ao
teatro musical. Inez Vianna (no
papel de Kate Porter, a mãe), Ada
Chaseliov (Linda Lee, a mulher) e
Stella Maria Rodrigues (Madame
M, o papel fictício da Morte) já
atuam há anos no gênero musical.
Ivana Domenico (Elsa Maxwell,
a promoter) e Gottsha (Ethel
Merman, a atriz favorita) vêm de
performances em casas noturnas,
enquanto Alessandra Verney
(Bessie Marbury, a agente) domina o repertório mais erudito.
Elas intercalam textos e números musicais, acompanhadas pelo
maestro Breno Lucena (piano),
Marcio Romano (bateria) e Omar
Pacheco (contrabaixo).
Cenografia e figurinos são assinados por Charles Möeller (com
exceção da abertura, por Antonio
Augustus). Renato Vieira responde pela coreografia. A iluminação
é de Paulo César Medeiros.
Peça: Cole Porter - Ele Nunca Disse Que
me Amava
Texto e direção: Charles Möeller
Versões e direção musical: Claudio
Botelho
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb.,
às 21h; dom., às 18h. Até 25/3
Onde: teatro Alfa - sala A (r. Bento
Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/
11/5693-4000)
Quanto: R$ 15 a R$ 35 (sex. e dom.) e R$
20 a R$ 40 (sáb.)
Patrocinador: BR Petrobras
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