São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2001

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TEATRO

Comédia musical sobre vida e obra do compositor americano vem do Rio

São Paulo vê "Cole Porter" de Botelho e Möeller

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Ele me pediu o mundo, eu dei", diz a mãe.
"Só era infeliz quando ele não estava por perto", diz a mulher.
"Eu só fui um atalho", diz sua agente.
"Já vi muitos gigolôs na Europa que se vestem como ele", diz sua promoter.
"Prefiro cantar suas canções do que as de qualquer outro compositor", diz sua atriz favorita.
"Vou apagar a luz e esperar que você me beije", sela Madame M, ou a Morte, única personagem fictícia entre as mulheres protagonistas de "Cole Porter - Ele Nunca Disse Que me Amava", a comédia musical que vem da temporada carioca de nove meses (cerca de 50 mil espectadores) e estréia hoje em São Paulo, no teatro Alfa Real.
Trata-se de mais um projeto da dupla Claudio Botelho e Charles Möeller, principais responsáveis pela retomada dos musicais na cena carioca ao longo da última década, com espetáculos como "Hello, Gershwin", "As Malvadas", "O Abre-Alas", "Na Bagunça do Teu Coração" e, mais recentemente, "Company", o clássico de Stephen Sondheim, em cartaz no Rio.
Orçada em R$ 200 mil (mais R$ 150 mil da produção paulista), "Cole Porter" estreou em maio de 2000. A partir da pesquisa em torno da vida e da obra do compositor americano Cole Albert Porter (1892-1964), Möeller criou enredo do ponto de vista das mulheres que mais diretamente o influenciaram, afetiva e artisticamente.
Porter criou cerca de 800 composições para teatro musical. Entre os espetáculos que mais marcaram sua carreira internacional, Broadway e Hollywood à frente, estão "Wake Up and Dream" ("Desperte e Sonhe", 1929); "Gay Divorce" ("Alegre Divórcio", 1932) e "Anything Goes" ("Vale Qualquer Coisa", 1934).
Na história de Möeller, o compositor propriamente não entra em cena. Cabe às mulheres contar e cantar o gênio, um homem frágil, franzino, dado a festas luxuosas, um bon vivant que exercia fascínio ou repúdio em seu círculo pessoal -ou fora dele-, mas conquistava a todos quando sentava ao piano.
São interpretadas 39 canções, entre elas, sucessos como "Night and Day", "I Get a Kick Out of You" e "Everytime We Say Goodbye". "Optamos por traduzir as canções menos conhecidas e manter no original os clássicos de Cole Porter", afirma Claudio Botelho, 36.
As seis intérpretes possuem experiências distintas em relação ao teatro musical. Inez Vianna (no papel de Kate Porter, a mãe), Ada Chaseliov (Linda Lee, a mulher) e Stella Maria Rodrigues (Madame M, o papel fictício da Morte) já atuam há anos no gênero musical.
Ivana Domenico (Elsa Maxwell, a promoter) e Gottsha (Ethel Merman, a atriz favorita) vêm de performances em casas noturnas, enquanto Alessandra Verney (Bessie Marbury, a agente) domina o repertório mais erudito.
Elas intercalam textos e números musicais, acompanhadas pelo maestro Breno Lucena (piano), Marcio Romano (bateria) e Omar Pacheco (contrabaixo).
Cenografia e figurinos são assinados por Charles Möeller (com exceção da abertura, por Antonio Augustus). Renato Vieira responde pela coreografia. A iluminação é de Paulo César Medeiros.



Peça: Cole Porter - Ele Nunca Disse Que me Amava
Texto e direção: Charles Möeller Versões e direção musical: Claudio Botelho
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h. Até 25/3
Onde: teatro Alfa - sala A (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/ 11/5693-4000)
Quanto: R$ 15 a R$ 35 (sex. e dom.) e R$ 20 a R$ 40 (sáb.)
Patrocinador: BR Petrobras




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