|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Abertura política resgata musicais, diz diretor
DA REPORTAGEM LOCAL
A força que o teatro musical ganhou nos últimos anos, com
grandes produções no Rio e em
São Paulo, é fruto de uma espécie
de abertura político-ideológica
em relação ao gênero, que levou
consequentemente à viabilidade
econômica.
Eis a tese de Claudio Botelho,
um especialista no assunto (trabalha há 15 anos em musicais,
com versões, direções e interpretações).
Segundo Botelho, o Brasil tem
uma predisposição natural para
os musicais desde as décadas de
20, 30 e 40, quando o teatro de revista era popular, sobretudo em
sua meca, a praça Tiradentes, na
região central do Rio .
Logo vieram as produções ou
versões estrangeiras. "No início
dos anos 60, por exemplo, destacaram-se montagens como "Hello, Dolly", "My Fair Lady" e "Como
Vencer na Vida sem Fazer Força",
entre outras, todas muito competentes", afirma.
Contudo houve recuo em relação ao gênero a partir do regime
militar (1964-85). "A classe artística, e o teatro em particular, elegeu
os americanos como inimigo número um e ficou entrincheirada
nas peças de esquerda, de resistência política", diz Botelho.
Eram tempos de "Arena Conta
Zumbi" (1966, com direção de
Augusto Boal) e de "Calabar" (73,
parceria de Chico Buarque e Ruy
Guerra), para citar dois espetáculos que marcaram o período.
"Com a distensão política e o
fim da censura, voltaram naturalmente os musicais. E o público
também voltou a ser atendido em
seu gosto pelo entretenimento",
afirma o diretor musical de "Cole
Porter -°Ele Nunca Disse Que me
Amava".
Para Botelho, o musical, como
qualquer gênero (ópera, drama,
comédia etc.), não pertence a uma
nacionalidade. "É evidente que
ele cresceu na América, traz uma
identificação muito forte com os
EUA, mas pode ser feito em qualquer país", afirma. "A indústria
americana do cinema, por exemplo, não impede que se filme na
Itália usando o mesmo equipamento, ou seja, a câmara."
(VS)
Texto Anterior: Teatro: São Paulo vê "Cole Porter" de Botelho e Möeller Próximo Texto: Vídeo/Lançamento: "Celebridades" é um dos filmes mais recorrentes de Woody Allen Índice
|