São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2001

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Abertura política resgata musicais, diz diretor

DA REPORTAGEM LOCAL

A força que o teatro musical ganhou nos últimos anos, com grandes produções no Rio e em São Paulo, é fruto de uma espécie de abertura político-ideológica em relação ao gênero, que levou consequentemente à viabilidade econômica.
Eis a tese de Claudio Botelho, um especialista no assunto (trabalha há 15 anos em musicais, com versões, direções e interpretações).
Segundo Botelho, o Brasil tem uma predisposição natural para os musicais desde as décadas de 20, 30 e 40, quando o teatro de revista era popular, sobretudo em sua meca, a praça Tiradentes, na região central do Rio .
Logo vieram as produções ou versões estrangeiras. "No início dos anos 60, por exemplo, destacaram-se montagens como "Hello, Dolly", "My Fair Lady" e "Como Vencer na Vida sem Fazer Força", entre outras, todas muito competentes", afirma.
Contudo houve recuo em relação ao gênero a partir do regime militar (1964-85). "A classe artística, e o teatro em particular, elegeu os americanos como inimigo número um e ficou entrincheirada nas peças de esquerda, de resistência política", diz Botelho.
Eram tempos de "Arena Conta Zumbi" (1966, com direção de Augusto Boal) e de "Calabar" (73, parceria de Chico Buarque e Ruy Guerra), para citar dois espetáculos que marcaram o período.
"Com a distensão política e o fim da censura, voltaram naturalmente os musicais. E o público também voltou a ser atendido em seu gosto pelo entretenimento", afirma o diretor musical de "Cole Porter -°Ele Nunca Disse Que me Amava".
Para Botelho, o musical, como qualquer gênero (ópera, drama, comédia etc.), não pertence a uma nacionalidade. "É evidente que ele cresceu na América, traz uma identificação muito forte com os EUA, mas pode ser feito em qualquer país", afirma. "A indústria americana do cinema, por exemplo, não impede que se filme na Itália usando o mesmo equipamento, ou seja, a câmara." (VS)


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