São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Acordo objetiva difundir arte latina

Museu dos EUA irá restaurar e expor obras de Hélio Oiticica

ANA PAULA CONDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO

O brasileiro Hélio Oiticica (1937-2000) foi o artista escolhido por Mari Carmen Ramírez, diretora do International Center for the Arts of the Americas, departamento ligado ao Museum of Fine Arts, em Houston, no Texas, para iniciar um amplo processo de inserção da arte latino-americana nos Estados Unidos.
O museu norte-americano assinou um convênio com o Projeto Hélio Oiticica que permitirá a restauração de cerca de 300 obras do artista, a realização de duas grandes exposições, em Houston, e a edição do catálogo que reunirá toda a obra e pensamento do artista brasileiro.
"A linguagem de Hélio e a dimensão de sua obra transcendem as fronteiras culturais e políticas do Brasil e da América Latina. Ele contribui para a expansão dos limites da arte e a reformulação dos seus sentidos. O Hélio é perfeito, ele capta a dimensão desse grande projeto do museu", afirma Carmen Ramírez.
O arquiteto César Oiticica, irmão do artista, explica que as ações do convênio serão realizadas ao longo de cinco anos. A primeira mostra no museu americano será realizada em 2006; e a segunda, somente ao final de todo o processo.
"O convênio está orçado em R$ 3,2 milhões. Metade do dinheiro será captada nos Estados Unidos e a outra metade no Brasil. A Petrobras já liberou R$ 750 mil", afirma.
O Projeto Hélio Oiticica foi criado, em 1981, pelos irmãos César e Cláudio, com o objetivo de preservar material e conceitualmente a obra do artista. Atualmente, eles são responsáveis pela conservação de 95% do acervo.
De acordo com César, a maior parte das obras precisará somente de limpeza. Entre as peças mais representativas que apresentam algum tipo de dano estão as séries "Pinturas Brancas", do Período Neoconcreto, e "Placas de Núcleos", ambas de 1960.
Todo o processo de recuperação será comandado por Wynne Phelan, uma das mais importantes restauradoras de arte contemporânea do mundo.

Presença dos latinos
Segundo Ramírez, o convênio e o investimento do museu justifica-se, entre outros aspectos, pela grande presença de latinos nos Estados Unidos.
"Quase 38% da população de Houston é formada por latinos. Quando se verifica o número de matrículas nas escolas públicas, esse número sobe para 56%. É muito natural que o museu se interesse em criar um programa de longo prazo para promover e difundir arte latina", diz Ramírez, nascida em Porto Rico.
O patrocínio da Petrobras será comemorado hoje com um evento no Centro de Artes Hélio Oiticica, na praça Tiradentes, no centro do Rio. Além de Ramírez e Phelan, estarão presentes: o diretor do Museum of Fine Arts, Peter Marzio; o diretor do Centro de Artes, Luciano Figueiredo, que vai assinar a edição do catálogo; o Secretário Municipal das Culturas, Ricardo Macieira; e César Oiticica.


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