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ARTES PLÁSTICAS
Acordo objetiva difundir arte latina
Museu dos EUA irá restaurar e expor obras de Hélio Oiticica
ANA PAULA CONDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
O brasileiro Hélio Oiticica
(1937-2000) foi o artista escolhido
por Mari Carmen Ramírez, diretora do International Center for
the Arts of the Americas, departamento ligado ao Museum of Fine
Arts, em Houston, no Texas, para
iniciar um amplo processo de inserção da arte latino-americana
nos Estados Unidos.
O museu norte-americano assinou um convênio com o Projeto
Hélio Oiticica que permitirá a restauração de cerca de 300 obras do
artista, a realização de duas grandes exposições, em Houston, e a
edição do catálogo que reunirá toda a obra e pensamento do artista
brasileiro.
"A linguagem de Hélio e a dimensão de sua obra transcendem
as fronteiras culturais e políticas
do Brasil e da América Latina. Ele
contribui para a expansão dos limites da arte e a reformulação dos
seus sentidos. O Hélio é perfeito,
ele capta a dimensão desse grande
projeto do museu", afirma Carmen Ramírez.
O arquiteto César Oiticica, irmão do artista, explica que as
ações do convênio serão realizadas ao longo de cinco anos. A primeira mostra no museu americano será realizada em 2006; e a segunda, somente ao final de todo o
processo.
"O convênio está orçado em R$
3,2 milhões. Metade do dinheiro
será captada nos Estados Unidos
e a outra metade no Brasil. A Petrobras já liberou R$ 750 mil",
afirma.
O Projeto Hélio Oiticica foi criado, em 1981, pelos irmãos César e
Cláudio, com o objetivo de preservar material e conceitualmente
a obra do artista. Atualmente, eles
são responsáveis pela conservação de 95% do acervo.
De acordo com César, a maior
parte das obras precisará somente
de limpeza. Entre as peças mais
representativas que apresentam
algum tipo de dano estão as séries
"Pinturas Brancas", do Período
Neoconcreto, e "Placas de Núcleos", ambas de 1960.
Todo o processo de recuperação será comandado por Wynne
Phelan, uma das mais importantes restauradoras de arte contemporânea do mundo.
Presença dos latinos
Segundo Ramírez, o convênio e
o investimento do museu justifica-se, entre outros aspectos, pela
grande presença de latinos nos
Estados Unidos.
"Quase 38% da população de
Houston é formada por latinos.
Quando se verifica o número de
matrículas nas escolas públicas,
esse número sobe para 56%. É
muito natural que o museu se interesse em criar um programa de
longo prazo para promover e difundir arte latina", diz Ramírez,
nascida em Porto Rico.
O patrocínio da Petrobras será
comemorado hoje com um evento no Centro de Artes Hélio Oiticica, na praça Tiradentes, no centro
do Rio. Além de Ramírez e Phelan, estarão presentes: o diretor
do Museum of Fine Arts, Peter
Marzio; o diretor do Centro de
Artes, Luciano Figueiredo, que
vai assinar a edição do catálogo; o
Secretário Municipal das Culturas, Ricardo Macieira; e César Oiticica.
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