São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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RUÍDO

Gravadoras demitem e mudam para fábricas

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise no ambiente fonográfico se intensifica, atingindo a multinacional EMI. O vice-presidente de marketing, André Matalon, foi um dos demitidos na filial brasileira, em nova leva mundial de demissões, de cerca de 1.500 funcionários.
Segundo o próprio Matalon, seu cargo foi extinto. "É uma decisão financeira. O exterior quer um resultado que nosso mercado não comporta", afirma ele, referindo-se à matriz EMI e à difícil situação do mercado local.
Segundo a EMI, o diretor artístico da casa, Jorge Davidson, assumirá também a gestão de marketing. A gravadora diz que no Brasil foram sete demitidos -o que representaria cerca de 8% do quadro de funcionários.
Num outro sintoma da crise, a EMI e a BMG já transferiram para dentro de fábricas de CDs seus escritórios paulistanos (no Brasil, as sedes principais ficam no Rio de Janeiro).
A próxima a se mudar é a Warner de São Paulo, que a partir de julho dará expediente dentro da Videolar, em Alphaville. "As instalações são bem melhores, o espaço é mais nobre e maior", argumenta o diretor de marketing da gravadora, Marcelo Maia. "A proximidade com a Videolar, que fabrica e distribui nossos produtos, nos trará uma maior integração", diz.
Ele explica que as duas empresas são independentes: "Nós os contratamos para fabricarem e para distribuírem nossos CDs". No entanto, a Warner é que agora ficará dentro da Videolar.

O NÃO-LANÇAMENTO

Entre os grupos do rock viajandão dos anos 70, O Terço era o mais preocupado com a eleboração de arranjos e vocais -o disco "Vento Sul" (72), de Marcos Valle, foi um dos que deram asas soltas a seus músicos. Em carreira própria, O Terço gravou desde o final dos anos 60; alguns de seus títulos mais importantes ("Criaturas da Noite", de 75, "Casa Encantada", de 76) já saíram em CD pela EMI, mas esse não é o caso do sofisticado "Mudança de Tempo" (78). A situação atual da EMI não favorece esperanças.

NA SUA 1
A cantora Ana Carolina invadiu a novela "Celebridade" nesta semana -apareceu não só cantando mas sendo elogiada na boca de vários personagens da trama global. Sua empresária, Marilene Gondim (que também apareceu e foi citada nominalmente), diz que foi tudo gratuito: "Ana não recebeu nenhum cachê e nem a gravadora pagou à Globo para que ela estivesse na novela".

NA SUA 2
A BMG, gravadora de Ana Carolina, não se pronuncia sobre o assunto -mas já tem os Titãs escalados para participar de "Celebridade". A gravadora da Rede Globo, Som Livre, diz que as participações de artistas são interessantes para todas as partes. Não relaciona a investida às vendagens relativamente baixas da trilha da novela -de que Ana Carolina e Titãs participam. Mas um CD extra só de sambas está sendo preparado, para acompanhar a fase "popular" de Maria Clara Diniz (Malu Mader). O Só pra Contrariar está na lista.

NA FRONTEIRA
Demolir fronteiras entre gêneros bem distintos de músicas será o objetivo do projeto "Livre Elétron", que ocupará quatro terças-feiras do Centro Cultural Banco do Brasil a partir do próximo dia 13. Artistas eletrônicos como Anvil FX, Bojo e Loop B farão shows conjuntos com artistas eruditos como o maestro Jorge Antunes e o Quarteto Fauré.

ELEIÇÃO INDIE
O Prêmio Dynamite avança na direção de se tornar referência no ambiente da música independente brasileira. As votações da edição 2004 estão abertas para categorias como álbuns de rock, punk e hardcore, rap e black music, MPB, música eletrônica, instrumental. Os indicados podem ser votados em eleição direta no endereço http://premio.dynamite.com.br, até o próximo dia 10.

psanches@folhasp.com.br


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