São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Astros do kitsch ganham novas versões na Virada

André Abujamra, Karine e outros interpretam canções de estrelas do brega

Convidados da Kitsch Night, no Sesc Pompéia, impuseram condições para representar Richard Clayderman e Kenny G

Joel Silva/Folha Imagem
Os músicos Marcelo Ozório, Sérgio Bartollo e Paulo Rocha, que se apresentam na Kitsch Night, atração da Virada Cultural


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pintura retratando um pôr-do-sol, mar ao fundo, palmeiras ao vento, pendurada na parede da sala pode ser muito brega. Mas, se ela estiver enfeitando o ambiente de um clube mordernete, será kitsch. Esse termo, criado na Alemanha nos anos 30, passou a designar trabalhos artísticos de gosto duvidoso e acabou sendo sinônimo de uma estética.
E é essa estética que domina a Kitsch Night, programação criada pelo Sesc Pompéia para a Virada Cultural, que terá os artistas André Abujamra, Karine Alexandrino, Sérgio Bartollo e Marcelo Ozório interpretando pérolas de Ray Conniff, Kenny G, Richard Clayderman, Rita Pavone, Cher e outros.
"Vou me jogar completamente", conta a cantora cearense Karine Alexandrino, famosa por, entre outras, criar performances como a "Mulher Tombada", na qual ela, literalmente, se esparrama no chão. Músicas dessa personagem estarão misturadas a hits de Cher, Diana Ross e Gloria Estefan, algumas das "divas" escolhidas por Karine para fazer parte de seu repertório.
A cantora fala que buscou referências nas canções cubanas para preparar sua atuação, e também em seus próprios trabalhos, como o disco "Querem Acabar Comigo, Roberto", inspirado em Roberto Carlos.
"O sentimentalismo está presente em todos os arranjos que faço", afirma ela, que destaca ainda a simplicidade do kitsch como uma de suas influências. "O kitsch não tem a pretensão de ser sofisticado. Gosto de melodias simples e temas mais tranqüilos."

Brega ou kitsch?
Preparando versões especiais para mostrar as canções das estrelas escolhidas, os convidados entraram em crise: eles são brega ou kitsch?
"Sinceramente, eu acho ele brega", afirma o instrumentista Sérgio Bartollo, que irá tocar músicas do saxofonista Kenny G. "O kitsch tem um glamour de que gosto muito. Não sou nem um pouco fã do Kenny G."
Bartollo fala que só topou apresentar as músicas do astro se elas pudessem ser tocadas em versão ska, por isso, o show se chama "Skenny-G". "Já que são todas instrumentais, pensei que poderia ser uma maneira divertida de apresentá-las", diz ele. "Mas não me limitei só ao ska, estou tocando também em dub, reggae. Um dos arranjos é tradicionalmente careta.
Bem bregão, igual a ele." Como não conhecia nada de Kenny G., Bartollo fala que escolheu o repertório da maneira mais "canalha possível": "Comprei um [CD] "best of" e vou tocar todas as músicas na ordem do disco. Os fãs vão se deleitar."
O guitarrista Marcelo Ozório, o Otto van der Vander, das bandas Jumbo Elektro e Labo, também impôs condições para representar o pianista Richard Clayderman, que ele acha kitsch e também muito brega.
"Só topei encarar se pudesse ser acompanhado por um trio garageira, num show meio jam session. Tocar as músicas do cara não dá. Elas são muito água com açúcar", fala Ozório.
Já André Abujamra não precisará de nenhum subterfúgio para mostrar os clássicos de Ray Conniff, de quem ele é fã. "Adoro", diz Abujamra. "Quando estudava música, aprendi muito com o som dele.
Ele era muito pop e fazia as coisas muitos simples." Simplicidade que, para Abujamra, é uma das essências do kitsch. "Tudo o que atinge o coração bem rapidinho às vezes é chamado de brega. Ou kitsch."

KITSCH NIGHT
Quando:
sáb., a partir das 22h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 7,50 a R$ 15


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