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LITERATURA
Cosac & Naify abre série de títulos nacionais contemporâneos com obras de João Antônio e Fernando Bonassi
Editora de SP usa "fermento" brasileiro para crescer
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
"É muito difícil uma editora
crescer sem literatura", diz Rodrigo Lacerda. As primeiras pitadas
do fermento a que se refere o editor vieram em 2000, na forma dos
clássicos da literatura universal da
coleção Prosa do Mundo. Agora,
a Cosac & Naify investe em produto nacional.
A editora paulista, que, antes
dos clássicos, havia se firmado no
mercado de livros de arte, escolheu João Antônio e Fernando
Bonassi para abrir seus lançamentos de literatura nacional
contemporânea. O responsável
pela série é Lacerda.
"A proposta é fazer um balanço
entre autores novos e relançamentos de livros que, por um motivo ou outro, caíram no esquecimento ou estão fora de mercado
-resgatar coisas que não tiveram
a atenção devida", explica.
Primeira leva
Nessa primeira leva -a editora
pretende lançar "seis ou sete" títulos nacionais por ano-, o esquecido é "Abraçado ao Meu
Rancor", de João Antônio, e o novo é "Passaporte", de Bonassi.
O livro de João Antônio tem dez
histórias, com o tema constante
de sua obra: o submundo. O volume, de 1986, deu ao autor seu terceiro Prêmio Jabuti.
Rodrigo Lacerda diz que a série
trará novas reedições da obra do
escritor (são mais de 20 livros),
que nasceu em 1937, em uma família pobre de origem portuguesa, num subúrbio de São Paulo, e
morreu em 1996.
Já Fernando Bonassi, que segue
múltiplos rumos literários (além
dos livros, escreve peças e roteiros
para cinema e duas colunas na
Folha), cristaliza em "Passaporte"
sua atividade mais constante: minicontos, como os da coluna "Da
Rua", que publica duas vezes por
semana na Ilustrada.
"Não sou bom romancista. Não
tenho paciência de ficar meses e
meses em cima de uma história
só, enquanto as coisas do mundo
continuam me estimulando", diz
Bonassi.
O livrinho, que tem formato e
cores de um documento de viagem brasileiro, reúne 137 historietas. A idéia nasceu como projeto
para uma bolsa de estudos. "Em
1998 recebi a bolsa do programa
de artes do Daad (Serviço Alemão
de Intercâmbio) e vivi em Berlim
por um ano."
"Nesse ano viajei bastante pela
Europa, e as semelhanças e diferenças entre as culturas me impressionaram muito. Comecei a
tomar notas de viagem. Com a
distância, pude reavaliar o que
pensava do modo de organização
das cidades brasileiras."
Bonassi conta que, para a bolsa,
se propôs a escrever "O Livro da
Vida", um volume com 500 contos curtos. "Tornou-se uma obsessão. Ainda em Berlim, as histórias se transformaram em mil e,
de lá pra cá, não mais parei. Até
hoje escrevo, pelo menos, uma
pequena história todos os dias.
"Passaporte" reúne fragmentos
dessas experiências."
Os próximos lançamentos serão
"Os Jacarés"("um romance urbano, de suspense psicológico", na
definição do editor), de Carlos
Eduardo de Magalhães, e "Reminiscências do Sol Quadrado", de
Mário Lago, sobre os meses de
prisão que o ator e escritor encarou após o golpe de 64. Lacerda
diz que a editora pretende, no segundo semestre, lançar autores
contemporâneos estrangeiros.
ABRAÇADO AO MEU RANCOR - De:
João Antônio. Editora: Cosac & Naify (tel.
0/xx/11/255-8808). Ilustrações de
Rubem Grilo. Primeira edição. 208 págs.
R$ 24.
PASSAPORTE - De: Fernando Bonassi.
Editora: Cosac & Naify. Primeira edição.
144 págs. R$ 20. Lançamento: dia 11, às
19h, na Fnac (av. Pedroso de Moraes,
858, tel. 0/xx/11/3097-0022).
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