São Paulo, sábado, 02 de junho de 2001

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LITERATURA

Cosac & Naify abre série de títulos nacionais contemporâneos com obras de João Antônio e Fernando Bonassi

Editora de SP usa "fermento" brasileiro para crescer

FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

"É muito difícil uma editora crescer sem literatura", diz Rodrigo Lacerda. As primeiras pitadas do fermento a que se refere o editor vieram em 2000, na forma dos clássicos da literatura universal da coleção Prosa do Mundo. Agora, a Cosac & Naify investe em produto nacional.
A editora paulista, que, antes dos clássicos, havia se firmado no mercado de livros de arte, escolheu João Antônio e Fernando Bonassi para abrir seus lançamentos de literatura nacional contemporânea. O responsável pela série é Lacerda.
"A proposta é fazer um balanço entre autores novos e relançamentos de livros que, por um motivo ou outro, caíram no esquecimento ou estão fora de mercado -resgatar coisas que não tiveram a atenção devida", explica.

Primeira leva
Nessa primeira leva -a editora pretende lançar "seis ou sete" títulos nacionais por ano-, o esquecido é "Abraçado ao Meu Rancor", de João Antônio, e o novo é "Passaporte", de Bonassi.
O livro de João Antônio tem dez histórias, com o tema constante de sua obra: o submundo. O volume, de 1986, deu ao autor seu terceiro Prêmio Jabuti.
Rodrigo Lacerda diz que a série trará novas reedições da obra do escritor (são mais de 20 livros), que nasceu em 1937, em uma família pobre de origem portuguesa, num subúrbio de São Paulo, e morreu em 1996.
Já Fernando Bonassi, que segue múltiplos rumos literários (além dos livros, escreve peças e roteiros para cinema e duas colunas na Folha), cristaliza em "Passaporte" sua atividade mais constante: minicontos, como os da coluna "Da Rua", que publica duas vezes por semana na Ilustrada.
"Não sou bom romancista. Não tenho paciência de ficar meses e meses em cima de uma história só, enquanto as coisas do mundo continuam me estimulando", diz Bonassi.
O livrinho, que tem formato e cores de um documento de viagem brasileiro, reúne 137 historietas. A idéia nasceu como projeto para uma bolsa de estudos. "Em 1998 recebi a bolsa do programa de artes do Daad (Serviço Alemão de Intercâmbio) e vivi em Berlim por um ano."
"Nesse ano viajei bastante pela Europa, e as semelhanças e diferenças entre as culturas me impressionaram muito. Comecei a tomar notas de viagem. Com a distância, pude reavaliar o que pensava do modo de organização das cidades brasileiras."
Bonassi conta que, para a bolsa, se propôs a escrever "O Livro da Vida", um volume com 500 contos curtos. "Tornou-se uma obsessão. Ainda em Berlim, as histórias se transformaram em mil e, de lá pra cá, não mais parei. Até hoje escrevo, pelo menos, uma pequena história todos os dias. "Passaporte" reúne fragmentos dessas experiências."
Os próximos lançamentos serão "Os Jacarés"("um romance urbano, de suspense psicológico", na definição do editor), de Carlos Eduardo de Magalhães, e "Reminiscências do Sol Quadrado", de Mário Lago, sobre os meses de prisão que o ator e escritor encarou após o golpe de 64. Lacerda diz que a editora pretende, no segundo semestre, lançar autores contemporâneos estrangeiros.

ABRAÇADO AO MEU RANCOR - De: João Antônio. Editora: Cosac & Naify (tel. 0/xx/11/255-8808). Ilustrações de Rubem Grilo. Primeira edição. 208 págs. R$ 24.

PASSAPORTE - De: Fernando Bonassi. Editora: Cosac & Naify. Primeira edição. 144 págs. R$ 20. Lançamento: dia 11, às 19h, na Fnac (av. Pedroso de Moraes, 858, tel. 0/xx/11/3097-0022).



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