São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2011

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Crime alavancou literatura escandinava

Sucesso do sueco Stieg Larsson com a série "Millennium" atraiu atenção do mundo para os autores nórdicos

Clima e topografia do norte da Europa favorecem o êxito do gênero na região, diz professor da USP

DE SÃO PAULO

Ao lançar seu primeiro romance policial, também em 1997, o islandês Arnaldur Indridason, 50, provocou o mesmo misto de admiração e espanto causado por Nesbo.
Em entrevista ao "Guardian", em 2006, ele relembrou que "quando comecei, as pessoas diziam que eu não teria nada para escrever porque nada acontece na Islândia. Aqui não é como em Los Angeles".
Não demoraria, porém, para o tom "islandês" ser visto como o diferencial do autor.
"A Islândia é como qualquer outro país na Europa. É pacífica e bela, mas é também escura e fria. O inverno tem longas noites nas quais tudo pode acontecer. Portanto, há grandes contradições e isso me interessa como escritor", explicou, por e-mail, à Folha. Hoje, Indridason tem seus livros publicados em 30 países e será destaque na Feira do Livro de Frankfurt, que terá a Islândia como convidada de honra.
Ele acredita que a força do gênero na região deve-se ao realismo dos textos. "As histórias quase sempre são sobre pessoas comuns e as situações extremas que elas podem enfrentar."
Em geral, atribui-se o pontapé inicial da onda nórdica a Stieg Larsson (1954-2004), autor da trilogia "Millennium" (Companhia das Letras, 2005). A série já vendeu 60 milhões de exemplares no mundo e aborda corrupção no mercado financeiro e movimentos neofascistas.
Com a morte prematura do autor, o mercado literário não tem poupado esforços para encontrar seu sucessor. Na Inglaterra, Nesbo foi apontado como o "novo Larsson".
O norueguês ironiza a possível influência. "É engraçado ser anunciado como o sucessor natural de um autor cujos livros vieram depois dos meus." De toda forma, Larsson atraiu a atenção do mundo para um gênero tradicional na região (leia ao lado). Francis Aubert, filho de norueguês e professor de teoria da tradução na USP, comenta que ler romances policiais é um hábito arraigado nos países nórdicos, especialmente nas férias de Páscoa.
"Nesses países, o inverno é rigoroso e as aldeias são, muitas vezes, isoladas pelas montanhas. Isso gerou uma atitude introspectiva e depressiva que favorece o gênero."
(MARCO RODRIGO ALMEIDA)


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