São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2011 |
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CRÍTICA POLICIAIS Novos romances sugerem que sociedade é organismo doente NELSON DE OLIVEIRA ESPECIAL PARA A FOLHA No gênero policial contemporâneo, a onda de crimes brutais cada vez se parece mais com uma infecção fatal. O organismo doente (a sociedade), defendido por poucos anticorpos abnegados (os oficiais da lei), pode até resistir por um tempo. Mas está claro que, no fim, a corrupção e a violência triunfarão. Nos romances de Arnaldur Indridason e Jo Nesbo, a perversidade humana não tem limite. Há uma mensagem implícita: as forças do bem crescem aritmeticamente, e as do mal, geometricamente. Em "O Silêncio do Túmulo", de Indridason, a investigação é liderada pelo melancólico e desolado inspetor Erlendur. Em "A Estrela do Diabo", de Nesbo, é comandada pelo não menos debilitado investigador Harry Hole. Erlendur é fustigado pelo inverno islandês e pela vida desregrada da filha. Hole, pelo verão norueguês e pela morte da ex-parceira. Ambos apanharam muito da vida e não conseguem manter laços. Em "O Silêncio do Túmulo", duas histórias correm paralelamente. Na primeira, um esqueleto encontrado numa construção sugere um assassinato há mais de 60 anos. Na segunda, uma coitada vive o terror nas mãos do marido violento. Cabe a Erlendur juntar as duas histórias. Em "A Estrela do Diabo", um serial killer obriga Harry Hole a sair da toca. Chapado de álcool, o investigador pega o caso a contragosto. Os crimes acontecem a intervalos regulares de cinco dias. O assassino, após matar, corta um dedo da vítima. Indridason e Nesbo têm estilos diferentes. O primeiro é econômico e objetivo. O outro, colorido e detalhista. Indridason revela o mundo demoníaco das mulheres espancadas e prostituídas. Nesbo denuncia o tráfico de armas e a corrupção policial. Nos dois romances, os crimes são solucionados, e os criminosos, punidos. Mas o otimismo não é pleno. Terminada a leitura, fica um gosto amargo: a infecção social é mais forte do que nossas cambaleantes defesas. NELSON DE OLIVEIRA é autor de "Poeira: Demônios e Maldições" (Língua Geral). O SILÊNCIO DO TÚMULO AUTOR Arnaldur Indridason EDITORA Companhia das Letras TRADUÇÃO Álvaro Hattnher QUANTO R$ 36 (320 págs.) AVALIAÇÃO bom A ESTRELA DO DIABO AUTOR Jo Nesbo EDITORA Record TRADUÇÃO Grete Skevik QUANTO R$ 39,90 (420 págs.) AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Crime alavancou literatura escandinava Próximo Texto: Até os atentados, pensávamos em nosso país como sendo virgem Índice | Comunicar Erros |
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