São Paulo, Segunda-feira, 02 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Suspeita não existe, diz Capuano

da Reportagem Local

"De Sonhos e Utopias... Anita e Giuseppe Garibaldi" é o primeiro livro histórico da médica e empresária paulistana Yvonne Capuano, 62, uma apaixonada pela vida de Anita Garibaldi, a quem considera não apenas movida por amor, mas "uma heroína nata".
Leia trechos da entrevista com a autora.

Folha - Por que escolheu Anita Garibaldi como personagem de seu livro?
Yvonne Capuano -
Anita compõe o meu livro, que começa com Napoleão para explicar o que era a Itália e por que Garibaldi fugiu para cá. Acho que, se você não conhece a história, não consegue compreender nada. Na segunda parte é que entro propriamente na história dos dois.

Folha - A sra. é apaixonada pela figura dela?
Capuano -
Eu sou apaixonada pelo casal. Anita foi uma mulher extraordinária, ímpar, uma jovem valente, arrojada, que quero desmistificar em meu livro de que tenha sido heroína por amor. Teve muito amor por Garibaldi, mas era uma revolucionária nata. Talvez se juntando a ele tenha tido a possibilidade de mostrar a índole guerreira que já possuía.

Folha - Pode-se afirmar que ela não foi realmente morta pelo marido?
Capuano -
Não, ela não foi.

Folha - Mas se chegou a suspeitar que ela tivesse sido assassinada, não?
Capuano -
Mas não por Garibaldi. Desde o início, os que defendem a tese de que Anita foi assassinada sempre disseram que foi porque Garibaldi foi embora, ela estava demorando para morrer, gemia alto e, como não havia nada para fazer, os que tomavam conta dela, com medo de que os gemidos atraíssem os austríacos, teriam abreviado sua morte.
Eu não acredito nisso. Meu livro contém todo o processo que se instalou depois, negando o primeiro laudo sobre o estrangulamento. E quase todos os que lutavam com Garibaldi deixaram memórias, diários, depoimentos, todos unânimes em afirmar que ele ficou com Anita até o fim. Mas isso será uma polêmica eterna.

Folha - A sra. leu o livro de Paulo Markun sobre Anita?
Capuano -
Não, mas desejo a ele toda a sorte do mundo.

Folha - O Garibaldi que aparece nos livros é um sujeito interessado em guerrear, não importa como nem onde. É isso?
Capuano -
Garibaldi, quando moço, tinha uma meta: libertar e unificar a Itália. Numa viagem com os adeptos de Saint Simon, ouviu o seguinte: o homem que luta pela sua pátria é um soldado, mas o que luta por todas as pátrias é um herói. E Garibaldi tomou como lema a libertação dos povos. Sempre lutou com Anita pela liberdade. Para ele não interessava se era no Brasil, no Uruguai ou na Itália.

Folha - Essa história daria um filme?
Capuano -
Que daria, daria. Mas seria muito difícil reduzir toda a vida complexa de Garibaldi em um filme só.


Texto Anterior: Garibaldi foi acusado, diz Markun
Próximo Texto: Teatro de bonecos: Encontro mostra produção irregular
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.