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Suspeita não existe, diz Capuano
da Reportagem Local
"De Sonhos e Utopias... Anita e
Giuseppe Garibaldi" é o primeiro
livro histórico da médica e empresária paulistana Yvonne Capuano, 62, uma apaixonada pela
vida de Anita Garibaldi, a quem
considera não apenas movida por
amor, mas "uma heroína nata".
Leia trechos da entrevista com a
autora.
Folha - Por que escolheu Anita
Garibaldi como personagem de
seu livro?
Yvonne Capuano - Anita compõe o meu livro, que começa com
Napoleão para explicar o que era
a Itália e por que Garibaldi fugiu
para cá. Acho que, se você não conhece a história, não consegue
compreender nada. Na segunda
parte é que entro propriamente
na história dos dois.
Folha - A sra. é apaixonada pela figura dela?
Capuano - Eu sou apaixonada
pelo casal. Anita foi uma mulher
extraordinária, ímpar, uma jovem valente, arrojada, que quero
desmistificar em meu livro de que
tenha sido heroína por amor. Teve muito amor por Garibaldi, mas
era uma revolucionária nata. Talvez se juntando a ele tenha tido a
possibilidade de mostrar a índole
guerreira que já possuía.
Folha - Pode-se afirmar que
ela não foi realmente morta pelo marido?
Capuano - Não, ela não foi.
Folha - Mas se chegou a suspeitar que ela tivesse sido assassinada, não?
Capuano - Mas não por Garibaldi. Desde o início, os que defendem a tese de que Anita foi assassinada sempre disseram que
foi porque Garibaldi foi embora,
ela estava demorando para morrer, gemia alto e, como não havia
nada para fazer, os que tomavam
conta dela, com medo de que os
gemidos atraíssem os austríacos,
teriam abreviado sua morte.
Eu não acredito nisso. Meu livro
contém todo o processo que se
instalou depois, negando o primeiro laudo sobre o estrangulamento. E quase todos os que lutavam com Garibaldi deixaram memórias, diários, depoimentos, todos unânimes em afirmar que ele
ficou com Anita até o fim. Mas isso será uma polêmica eterna.
Folha - A sra. leu o livro de
Paulo Markun sobre Anita?
Capuano - Não, mas desejo a ele
toda a sorte do mundo.
Folha - O Garibaldi que aparece nos livros é um sujeito interessado em guerrear, não importa como nem onde. É isso?
Capuano - Garibaldi, quando
moço, tinha uma meta: libertar e
unificar a Itália. Numa viagem
com os adeptos de Saint Simon,
ouviu o seguinte: o homem que
luta pela sua pátria é um soldado,
mas o que luta por todas as pátrias é um herói. E Garibaldi tomou como lema a libertação dos
povos. Sempre lutou com Anita
pela liberdade. Para ele não interessava se era no Brasil, no Uruguai ou na Itália.
Folha - Essa história daria um
filme?
Capuano - Que daria, daria.
Mas seria muito difícil reduzir toda a vida complexa de Garibaldi
em um filme só.
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