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TEATRO DE BONECOS
"Coquetel Clown" e "Histórias da Carrocinha" foram as peças mais elogiadas em Olinda
Encontro mostra produção irregular
MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
enviada especial a Olinda
Terminou na sexta-feira o Primeiro Encontro Internacional de
Teatro de Bonecos de Recife e
Olinda, que contou com um festival de teatro de mestres populares
do mamulengo e companhias de
diversos Estados brasileiros desde
o dia 22. O espetáculo "Trinoceria", da companhia espanhola La
Fanfarra, encerrou o evento.
Durante esse período, Olinda
foi também palco de duas reuniões, do comitê executivo da
Unima (União Internacional de
Marionete) e do grupo executivo
que prepara a "Enciclopédia Internacional de Teatro de Bonecos" (leia ao lado).
Segundo o organizador do encontro e diretor do Centro Cultural Mamulengo Só-Riso, Fernando Augusto Gonçalves, 50, os benefícios do encontro ainda não
podem ser mensurados. "Passamos por um momento difícil do
teatro de bonecos, e o encontro
deu prestígio a essa arte."
De qualquer modo, o evento
funcionou como testemunho do
quanto a produção de teatro de
bonecos brasileira é irregular.
"Coquetel Clown", do XPTO
(São Paulo), abriu a mostra de
teatro de animação com um padrão de qualidade elogiado por
toda essa especial audiência.
A montagem favorita da maioria dos especialistas da Unima,
convidados a virem a Olinda,
além de "Coquetel Clown", foi
"Histórias da Carrocinha", da
gaúcha A Caixa do Elefante, dirigida por Mário de Ballentti. Para a
diretora de teatro de bonecos fin-
landesa e presidente da Unima,
Sirppa Sivori-Asp, "a manipulação é perfeita, assim como o ritmo
e a organização do enredo".
A opinião de Sirppa sobre os
outros grupos não é a mesma. Sobre "A Cobra Morde o Rabo" (A
Roda, BA), ela acha que "a dramaturgia é falha e falta direção".
A inglesa Penny Francis, da
Unima, observou que a maioria
das produções brasileiras de teatro de bonecos está no padrão do
teatro amador europeu, "talvez
por falta de acesso a atuações de
alto nível".
O Sobrevento (SP) apresentou
dois espetáculos de seu repertório, "Mozart Moments" e "Beckett", que foi o mais elogiado do
grupo.
Margareta Niculescu, fundadora e diretora da maior escola de
marionetes do mundo, do Instituto Internacionale de Marionettes, destacou a precisão de "Beckett". "É possível reconhecer na
montagem o espírito e o ritmo do
teatro do autor, especialmente no
primeiro ato. A arte de manipulação é excelente."
Ausências notadas
O grupo Giramundo (MG), que
apresentaria, no dia 27, "Cobra
Norato", não compareceu. Segundo o organizador Fernando
Augusto Gonçalves, as passagens
do grupo e o transporte do material cênico iriam ser pagos pelas
secretarias da Cultura de Minas, e
que, portanto, "a falha foi da Prefeitura de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais, pois a organização do encontro não havia se
responsabilizado por isso".
Segundo Marcos Malafaia, integrante da produção do Giramundo, o grupo não desistiu em tempo hábil de ir ao festival porque ficou "procurando meios para chegar. Não conseguimos passagens
e verba para custear o transporte
do material. Foi uma pena".
Mestres tradicionais do mamulengo também deixaram de comparecer a Recife e Olinda: mestre
Saúba e sua Boneca Dançarina,
mestre João Nazário, que está
doente e cujo parceiro, Antônio
Biló, morreu em março, sem o fato ter sido notificado em tempo
hábil ao festival.
Mônica Rodrigues da Costa viajou a Olinda
a convite da Fundação Nacional das Artes.
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