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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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CINEMA

Protagonista da série "Desejo de Matar" morreu aos 81 anos

Hollywood perde seu "monstro sagrado"

28.out.2000/France Presse
Charles Bronson acompanha a mulher, Kim Weeks, em evento beneficente na Califórnia, em 2000


ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

"Quando você vê fraqueza em um herói, você está fazendo algo para sua identidade", disse certa vez Charles Bronson em entrevista ao jornal "The Washington Post". O ator, famoso pela série "Desejo de Matar", morreu no último sábado, aos 81 anos, em Los Angeles. Ele estava internado havia semanas com pneumonia. A morte do ator norte-americano foi anunciada no domingo.
Bronson acreditava na imagem dura de seus personagens, motivo pelo qual fugia de outros tipos de papéis. Se a crítica torcia o nariz para Bronson por causa do nível de violência em seus filmes, o público o transformou em sucesso de bilheteria. O ator foi um dos grandes nomes de Hollywood nas décadas de 60 e 70.
Tornou-se muito famoso também na Europa. Na França, era chamado de "Le Sacre Monstre" (O Monstro Sagrado). Na Itália, ficou conhecido como "Il Brutto" (O Feio), referência à sua aparência de "homem mau", perfeita para os filmes em que atuou. "Acho que pareço uma pedreira que alguém dinamitou", definiu-se.
Nascido em 1921, originalmente se chamava Charles Buchinsky e era o 11º de 15 filhos de imigrantes lituanos que moravam na Pensilvânia. Sua família era pobre, e a situação piorou com a morte de seu pai, quando Bronson tinha dez anos. Aos 16, ele começou a trabalhar numa mina de carvão.
Convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial, voltou da Europa para uma vida não muito melhor que a anterior.
Trabalhou na construção civil e como ajudante de cozinha em Nova York, antes de se mudar para Atlantic City, onde passou a alugar cadeiras na praia.
Começou lá a mudar sua sorte. Conheceu um grupo de atores e os convenceu a deixar pintar seus cenários. Acabou gostando de atuar e foi à Califórnia para se dedicar à nova carreira.
Mais tarde, mudou seu sobrenome para Bronson por causa da cruzada macarthista -o ator acreditava que o nome anterior, que parecia russo, poderia torná-lo alvo de perseguições.
Trabalhou em filmes de orçamento apertado antes de conseguir alguns sucessos, como "Sete Homens e um Destino" (1960) e "Fugindo do Inferno" (1963).
Em 1968, foram lançados dois filmes que o tornaram famoso na Europa: "Era uma Vez no Oeste", dirigido por Sergio Leone, e "Adieu, l'Ami", para o qual foi convidado por Alain Delon.
Mas o auge só ocorreria nos anos 70. Em 1972, dividiu um Globo de Ouro com Sean Connery. A seguir veio a série que o consagraria -o primeiro "Desejo de Matar" saiu em 1974. Bronson faz o papel de um arquiteto de Nova York que só quer saber de vingança após o assassinato de sua mulher e o estupro de sua filha.
A série teria quatro sequências, a última lançada em 1994 -nenhuma delas, porém, alcançou o mesmo sucesso do filme original.
Apesar da imagem de durão, na vida pessoal, o ator tinha comportamento bem distinto. Levava uma vida tranquila e gostava de pintar.
Casou-se três vezes, primeiro com Harriet Tendler e depois com a atriz Jill Ireland, com quem atuou em alguns filmes. Ultimamente, vivia com Kim Weeks.


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