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JAZZ
Em sua terceira visita ao Brasil, cantora apresenta canções de novo disco
Jane Monheit celebra era musical
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Eterno carente de bons shows
internacionais, o brasileiro sempre olha desconfiado para aqueles
estrangeiros que batem cartão
por aqui. No caso da norte-americana Jane Monheit, que faz duas
apresentações hoje em São Paulo
e que estará amanhã no Festival
Internacional de Jazz de Ouro
Preto (MG), a dúvida só aumenta.
Esta será sua terceira visita ao
Brasil; a última vez não faz muito
tempo -foi em janeiro. Segue à
risca a cartilha do "bom estrangeiro". No entanto, Monheit, 26,
pode se dar ao luxo de certa demagogia pop ("Depois de conhecer o Brasil, minha vida mudou";
"É um povo muito bonito").
Primeiro, porque ela não é uma
artista em fim de carreira, pelo
contrário. Figura entre as maiores
estrelas do jazz contemporâneo, e
tem um dedo no rejuvenescimento de seu público. Um sucesso de
vendas raro no estilo.
Desta vez, Monheit tem bom
motivo, já que vem apresentar seu
novo CD, "Taking a Chance on
Love", previsto para ser lançado
neste mês. O disco traz 12 canções
vindas da "glamourosa era dos
musicais da MGM", e marca sua
estréia numa grande gravadora.
"São músicas que aprendi
quando era criancinha, basicamente por ter assistido a esses filmes fantásticos", diz a cantora à
Folha. Canções como "Over the
Rainbow" (Harold Arlen/ E.Y.
Harburg) e "In the Still of the
Night" (Cole Porter) estão no CD.
A declamada paixão pelo Brasil
também vem da infância desta
moça, que tenta seguir os passos
de Ella Fitzgerald (e, neste aspecto, o novo álbum cai como uma
luva para Monheit, já que seus
improvisos vocais têm mais a ver
com musicais grandiosos).
"Minha mãe costumava tocar
muita música brasileira em casa, e
comecei a gostar também, desde
muito cedo", afirma.
Espere, portanto, muitos sons
brasileiros nos shows de hoje.
Monheit promete canções de
Tom Jobim e Ivan Lins, seu compositor predileto. Podemos dizer
que se trata quase de uma brasileira? Nem tanto. Ela diz que ainda
está treinando para perder o sotaque fortíssimo que demonstrou
em "Começar de Novo" (Ivan
Lins), registrado no seu trabalho
anterior, "In the Sun".
"Não sei falar português ainda,
mas consigo entender muita coisa. Mas, quando estou no palco,
sei exatamente o que canto."
Enquanto declara amor ao Brasil, Monheit vai despertando paixões ao popularizar o jazz. "Não
tenho certeza de por que o público de jazz está mais jovem hoje",
diz a cantora. "Mas, com certeza,
tem a ver com o surgimento de
pessoas como Diana Krall, que
atraíram o público mainstream."
Ela, no entanto, não vê problemas. "É um progresso natural no
mundo da indústria pop, que procura gente mais nova a cada dia.
Isto também acontece no jazz, e
acho ótimo porque faz mais pessoas prestarem atenção à música." Portanto, teens e "maduros"
que forem ao Bourbon, não se
sintam constrangidos. "Sempre
vejo gente jovem nos meus shows.
Sinto-me ótima, porque é isso que
faz a música continuar viva."
JANE MONHEIT. Onde: Bourbon Street
(r. dos Chanés, 127, Moema, São Paulo,
tel. 0/xx/11/5095-6100). Quando: hoje,
às 20h30 e 23h30. Quanto: R$ 95.
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