São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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JAZZ

Em sua terceira visita ao Brasil, cantora apresenta canções de novo disco

Jane Monheit celebra era musical

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Eterno carente de bons shows internacionais, o brasileiro sempre olha desconfiado para aqueles estrangeiros que batem cartão por aqui. No caso da norte-americana Jane Monheit, que faz duas apresentações hoje em São Paulo e que estará amanhã no Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto (MG), a dúvida só aumenta.
Esta será sua terceira visita ao Brasil; a última vez não faz muito tempo -foi em janeiro. Segue à risca a cartilha do "bom estrangeiro". No entanto, Monheit, 26, pode se dar ao luxo de certa demagogia pop ("Depois de conhecer o Brasil, minha vida mudou"; "É um povo muito bonito").
Primeiro, porque ela não é uma artista em fim de carreira, pelo contrário. Figura entre as maiores estrelas do jazz contemporâneo, e tem um dedo no rejuvenescimento de seu público. Um sucesso de vendas raro no estilo.
Desta vez, Monheit tem bom motivo, já que vem apresentar seu novo CD, "Taking a Chance on Love", previsto para ser lançado neste mês. O disco traz 12 canções vindas da "glamourosa era dos musicais da MGM", e marca sua estréia numa grande gravadora.
"São músicas que aprendi quando era criancinha, basicamente por ter assistido a esses filmes fantásticos", diz a cantora à Folha. Canções como "Over the Rainbow" (Harold Arlen/ E.Y. Harburg) e "In the Still of the Night" (Cole Porter) estão no CD.
A declamada paixão pelo Brasil também vem da infância desta moça, que tenta seguir os passos de Ella Fitzgerald (e, neste aspecto, o novo álbum cai como uma luva para Monheit, já que seus improvisos vocais têm mais a ver com musicais grandiosos).
"Minha mãe costumava tocar muita música brasileira em casa, e comecei a gostar também, desde muito cedo", afirma.
Espere, portanto, muitos sons brasileiros nos shows de hoje. Monheit promete canções de Tom Jobim e Ivan Lins, seu compositor predileto. Podemos dizer que se trata quase de uma brasileira? Nem tanto. Ela diz que ainda está treinando para perder o sotaque fortíssimo que demonstrou em "Começar de Novo" (Ivan Lins), registrado no seu trabalho anterior, "In the Sun".
"Não sei falar português ainda, mas consigo entender muita coisa. Mas, quando estou no palco, sei exatamente o que canto."
Enquanto declara amor ao Brasil, Monheit vai despertando paixões ao popularizar o jazz. "Não tenho certeza de por que o público de jazz está mais jovem hoje", diz a cantora. "Mas, com certeza, tem a ver com o surgimento de pessoas como Diana Krall, que atraíram o público mainstream."
Ela, no entanto, não vê problemas. "É um progresso natural no mundo da indústria pop, que procura gente mais nova a cada dia. Isto também acontece no jazz, e acho ótimo porque faz mais pessoas prestarem atenção à música." Portanto, teens e "maduros" que forem ao Bourbon, não se sintam constrangidos. "Sempre vejo gente jovem nos meus shows. Sinto-me ótima, porque é isso que faz a música continuar viva."


JANE MONHEIT. Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, Moema, São Paulo, tel. 0/xx/11/5095-6100). Quando: hoje, às 20h30 e 23h30. Quanto: R$ 95.


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