DA SUCURSAL DO RIO

Juliana Diniz conta que sofre discriminação por causa de seus 18 anos. "Falam que eu sou muito jovem para cantar samba. Mas eu acho que samba não tem idade", diz muito bem.
O que causa alguma estranheza não é a idade, mas a vultuosidade de seu disco de estréia. Se não bastasse o peso de ser neta de Monarco, líder da Velha Guarda da Portela, e filha do grande músico e compositor Mauro Diniz, ela ainda é afilhada de Zeca Pagodinho.
Foi "tio Zeca" quem convenceu a Universal a apostar forte nela. A produção foi de Zeca e de Rildo Hora e contou com um time espetacular de músicos, incluindo cordas (violinos, violas e celos).
Para completar, ela estréia como cantora já com alguma popularidade, pois foi a Larissa de "Senhora do Destino". "A gravadora queria fazer o disco na época da novela, mas não seria bom. Agora vou poder me dedicar ao que eu gosto mais, que é cantar", diz.
E canta bem, mas sua voz, bem aguda e com tonalidade adolescente, fica oprimida pelos arranjos grandiosos e pela superprodução do CD. Talvez um trabalho mais econômico servisse melhor a ela.
Ainda assim, Juliana tem momentos especialmente felizes, como quando interpreta com segurança o lindo samba-choro "Ares do Céu" (Sombrinha/Sombra/Jotabê). Ou quando regrava "Princípio do Infinito", jóia rara de Cláudio Jorge e Luiz Carlos da Vila, e "Nasci pra Sonhar e Cantar", uma das mais belas criações de Dona Ivone Lara/Délcio Carvalho.
Ela encanta em "Amor Proibido", de Manacéa, e "Coração aos Saltos", inédita de Paulinho da Viola que Marisa Monte lhe repassou. Marisa, sua maior referência como intérprete, também é autora (com Arnaldo Antunes e Mauro Diniz) da simpática "Eu Sonhei com Você". Juliana é sapeca em "Beijo na Boca" (Monarco/Ratinho), mas não fica confortável em "Nunca Mais Ter que Sentir Saudade" (Zeca/Jorge Aragão). Com o tempo, deverá ter mais segurança para escolher um repertório adequado ao seu talento, que é nítido e merece um voto de confiança. (LFV)

Juliana Diniz
   
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 25, em média