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CRÍTICA
Superprodução de Tizuka naufraga em drama familiar inflado
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
"Gaijin", em japonês, quer
dizer estrangeiro. E o primeiro -e excelente- "Gaijin", filmado em 1980 por Tizuka Yamasaki, tratava justamente disso: a
condição do estrangeiro (o imigrante japonês) numa nova terra
(o Brasil).
Em "Gaijin - Ama-me como
Sou", a cineasta retoma e amplia a
mesma saga, desta vez com o amparo de uma superprodução.
Paradoxalmente, porém, o incremento de recursos, o acréscimo de novos assuntos e o alargamento do espectro temporal (cobre-se agora um período de quase
cem anos) não propiciam a este
"Gaijin 2" uma força maior que a
do primeiro.
Pelo contrário. A respiração
épica que anima a primeira terça
parte do filme cede terreno cada
vez mais a um melodrama familiar um tanto inflado. Nada contra
o melodrama. Douglas Sirk, Fassbinder, Almodóvar e até Janete
Clair fizeram maravilhas com ele.
O problema, em "Gaijin 2", é o
enquadramento do épico em esquemas surrados de conflito melodramático. Há uma redundância expositiva, de matiz televisivo,
que leva os personagens a agirem
de acordo com clichês e dizerem
banalidades como: "É no Natal
que a gente mais sente falta da família".
O tamanho da produção acaba
se revelando uma armadilha, por
trazer novos percalços. O maior
deles, que realça a artificialidade
dos diálogos, é a dublagem dos astros estrangeiros, a norte-americana Tamlyn Tomita (Maria) e o
cubano Jorge Perugorría (seu marido Gabriel).
Mas há também a inexplicável e
inoportuna aparição das cataratas
do Iguaçu, numa cena de crise íntima de Gabriel. Pode ser que a intenção fosse a de criar uma analogia entre a turbulência da natureza e a perturbação interior do personagem, mas para o espectador
soa como um agrado aos órgãos e
empresas paranaenses que apoiaram o filme.
Há dois momentos em que
"Gaijin 2" promete decolar: quando Londrina é construída pelas
mãos de imigrantes de várias origens e quando descendentes de
duas gerações voltam ao Japão
para tentar a vida lá. Nos dois casos, porém, a promessa não se
cumpre, e tudo desemboca numa
trama telenovelesca que deixa em
segundo plano a condição estrangeira. Uma pena.
Gaijin - Ama-me como Sou
![](http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Direção: Tizuka Yamasaki
Produção: Brasil, 2005
Com: Tamlyn Tomita, Kyoko Tsukamoto
Quando: a partir de hoje nos cines Metrô Santa Cruz, Extra Anchieta e circuito
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