São Paulo, Quinta-feira, 02 de Dezembro de 1999


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MÚSICA
Grupo quer ser referência para intérpretes; parcerias vão de Ney Matogrosso a Carlinhos Brown
Confraria "vende" novos talentos no Rio

Patrícia Santos/Folha Imagem
Cyro Telles, que é um dos fundadores da Confraria dos Compositores


ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha


No Brasil, compositores sempre reclamaram do pouco acesso a intérpretes mais conhecidos. Os intérpretes, por sua vez, reclamam da falta de contato com novos compositores. É um problema cíclico: sem novos compositores, os intérpretes continuam a gravar sempre os mesmos autores.
Os novatos, por sua vez, ficam desestimulados pela falta de oportunidades e desistem.
A solução para esse problema pode estar num clube, conhecido como Confraria dos Compositores, fundado no Rio com o objetivo de divulgar trabalhos de novos compositores e criar uma ponte entre eles e os intérpretes. Criado por dois músicos, Cyro Telles, 34 anos, e Alexandre Lemos, 40, a Confraria quer funcionar como uma espécie de "supermercado de músicas", um lugar no qual intérpretes possam encontrar trabalhos inéditos de artistas talentosos, mas pouco conhecidos.
"Nosso objetivo é criar um atalho entre o compositor e o intérprete", explica Cyro, tecladista que já tocou nas bandas de Zé Ramalho e Tânia Alves. "Sabemos como é difícil ter acesso a cantores. As gravadoras são muito fechadas e os próprios intérpretes raramente procuram compositores novos."
Cyro e Alexandre juntaram um grupo de cerca de 20 compositores e começaram a realizar encontros no bar Palpite Feliz, em Vila Isabel. Nessas reuniões, que acontecem todas as quartas-feiras e são abertas ao público, cada um mostra suas composições e ouve opiniões e idéias dos demais.
"As reuniões funcionam como um laboratório onde os músicos podem testar ser trabalho", afirma Alexandre. Logo os encontros passaram a atrair músicos conhecidos, como Sá (da dupla com Guarabyra) e Sérgio Ricardo, que foi mostrar algumas canções inéditas. "Acho a iniciativa fantástica", diz Sérgio Ricardo. "Fui mostrar meu novo trabalho, que deve ser lançado no início do ano que vem, e para conhecer o trabalho de gente nova. Estava faltando uma coisa dessas para acabar com a barreira entre os músicos."
A Confraria já começa a dar resultados: a música "Novamente", escrita por Alexandre e por seu parceiro Fred Martins, foi gravada por Ney Matogrosso em seu mais recente álbum, "Olhos de Farol". "Eu queria gravar esse disco só com músicas de novos compositores," diz Ney. "Gostei muito dessa música. Acho que essa idéia de criar um local onde esses novos compositores possam mostrar seu trabalho é ótima e útil para intérpretes."
O grupo de "associados" da Confraria passa dos 20. Apesar de todos serem radicados no Rio, eles vêm de várias partes do país: Maria Olívia é pernambucana, Eduardo Boaventura é baiano, Patrícia Mello é piauiense. Os estilos musicais também são diversos. "Nossa única exigência é que tenham trabalho de qualidade", diz Cyro Telles. Alguns desses compositores já conseguiram emplacar músicas no repertório de intérpretes conhecidos: Zélia Duncan canta Fred Martins, e Patrícia Mello escreveu em parceria com Carlinhos Brown.
A Confraria dos Compositores tem um site (www.confraria.com), que traz biografias de todos os compositores do grupo e divulga os encontros e shows dos "associados". Cyro e Alexandre planejam incrementar a página, incluindo trechos de músicas de cada um dos membros do grupo. "Qualquer um vai poder entrar no site e ouvir o trabalho dos artistas da Confraria," diz Cyro.


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