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MÚSICA
Grupo quer ser referência para intérpretes; parcerias vão de Ney Matogrosso a Carlinhos Brown
Confraria "vende" novos talentos no Rio
Patrícia Santos/Folha Imagem
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Cyro Telles, que é um dos fundadores da Confraria dos Compositores |
ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha
No Brasil, compositores sempre
reclamaram do pouco acesso a intérpretes mais conhecidos. Os intérpretes, por sua vez, reclamam
da falta de contato com novos
compositores. É um problema cíclico: sem novos compositores, os
intérpretes continuam a gravar
sempre os mesmos autores.
Os novatos, por sua vez, ficam
desestimulados pela falta de
oportunidades e desistem.
A solução para esse problema
pode estar num clube, conhecido
como Confraria dos Compositores, fundado no Rio com o objetivo de divulgar trabalhos de novos
compositores e criar uma ponte
entre eles e os intérpretes. Criado
por dois músicos, Cyro Telles, 34
anos, e Alexandre Lemos, 40, a
Confraria quer funcionar como
uma espécie de "supermercado
de músicas", um lugar no qual intérpretes possam encontrar trabalhos inéditos de artistas talentosos, mas pouco conhecidos.
"Nosso objetivo é criar um atalho entre o compositor e o intérprete", explica Cyro, tecladista
que já tocou nas bandas de Zé Ramalho e Tânia Alves. "Sabemos
como é difícil ter acesso a cantores. As gravadoras são muito fechadas e os próprios intérpretes
raramente procuram compositores novos."
Cyro e Alexandre juntaram um
grupo de cerca de 20 compositores e começaram a realizar encontros no bar Palpite Feliz, em Vila
Isabel. Nessas reuniões, que acontecem todas as quartas-feiras e
são abertas ao público, cada um
mostra suas composições e ouve
opiniões e idéias dos demais.
"As reuniões funcionam como
um laboratório onde os músicos
podem testar ser trabalho", afirma Alexandre. Logo os encontros
passaram a atrair músicos conhecidos, como Sá (da dupla com
Guarabyra) e Sérgio Ricardo, que
foi mostrar algumas canções inéditas. "Acho a iniciativa fantástica", diz Sérgio Ricardo. "Fui mostrar meu novo trabalho, que deve
ser lançado no início do ano que
vem, e para conhecer o trabalho
de gente nova. Estava faltando
uma coisa dessas para acabar com
a barreira entre os músicos."
A Confraria já começa a dar resultados: a música "Novamente",
escrita por Alexandre e por seu
parceiro Fred Martins, foi gravada por Ney Matogrosso em seu
mais recente álbum, "Olhos de
Farol". "Eu queria gravar esse disco só com músicas de novos compositores," diz Ney. "Gostei muito dessa música. Acho que essa
idéia de criar um local onde esses
novos compositores possam
mostrar seu trabalho é ótima e útil
para intérpretes."
O grupo de "associados" da
Confraria passa dos 20. Apesar de
todos serem radicados no Rio,
eles vêm de várias partes do país:
Maria Olívia é pernambucana,
Eduardo Boaventura é baiano,
Patrícia Mello é piauiense. Os estilos musicais também são diversos. "Nossa única exigência é que
tenham trabalho de qualidade",
diz Cyro Telles. Alguns desses
compositores já conseguiram
emplacar músicas no repertório
de intérpretes conhecidos: Zélia
Duncan canta Fred Martins, e Patrícia Mello escreveu em parceria
com Carlinhos Brown.
A Confraria dos Compositores
tem um site (www.confraria.com), que traz biografias de
todos os compositores do grupo e
divulga os encontros e shows dos
"associados". Cyro e Alexandre
planejam incrementar a página,
incluindo trechos de músicas de
cada um dos membros do grupo.
"Qualquer um vai poder entrar
no site e ouvir o trabalho dos artistas da Confraria," diz Cyro.
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