São Paulo, Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2000


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Os "primeiros" de "Como Tem Passado!!"


* Lundu: "Isto É Bom", 1902, de XistoBahia, primeira obra musical gravada no Brasil
Gênero desenvolvido no século 19, a partir da estilização dos batuques de negros que cantavam e dançavam ao som de atabaques, marcando o ritmo com palmas
Na letra: "Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói/ doem, doem, as cadeiras me doem, doem, doem"
* Tango brasileiro: "As Laranjas da Sabina", 1902, de Arthur e Aluízio Azevedo
Gênero resultante da fusão de polca e lundu, anterior a e sem ligação com o tango argentino
* Modinha: "Perdão, Emília", 1902, autor anônimo
Canção lírica, sentimental derivada da moda portuguesa; "Perdão, Emília" é representativa das modinhas de serenata, marcadas pela influência da valsa e executadas por grupos de choro
Na letra: "Perdão, Emília, se manchei-te a vida/ se fui impuro, fui cruel, ousado/ perdão, Emília, se manchei teus lábios/ perdão, Emília, para um desgraçado"; adiante, Emília, morta, responde: "Mas tu, ingrato, não terás perdão/ Deus não perdoa as tuas culpas todas/ castigo justo tu terás então"
* Cançoneta: "Não Empurre", 1902, autor não identificado
Gênero malicioso, de imitação do vaudeville francês, com trechos falados/representados, surgido no século 19
Na letra: "Isto de bolinagem é uma questão de sorte/ às vezes a gente toma o bonde e, sem querer, esbarra o pé de uma pequena que vai ao seu lado"; a pequena já responde: "Não empurre, não empurre, seu Manduca/ não empurre, não empurre, que machuca/ não empurre assim que dói"
* Marcha: "A Bicharada", 1908- 09, autor não identificado
Música de compasso binário, com marcação acentuada do tempo forte, para facilitar os passos dos foliões, que marcham ao acompanhar seu ritmo
Na letra: "A sogra então pra que o bicheiro gema/ muda o sistema quando quer jogar/ no reservado ela não faz careta/ a borboleta há de por força dar"
* Maxixe: "O Forrobodó (Não Se Impressione)", 1912-15, de Chiquinha Gonzaga, identificado no rótulo do disco como tango; "São Paulo Futuro", 1917, de Marcelo Tupinambá
Primeira dança genuinamente brasileira, de caráter lascivo, resultante da fusão de tango, havaneira e polca
Na letra de "São Paulo Futuro": "Eu te espero/ gemendo de dô/ e desespero sem o teu amô"
* Samba: "Pelo Telefone", 1917, de Donga e Mauro de Almeida
Segundo a "Enciclopédia da Música Brasileira", é "palavra provavelmente procedente do qumbundo semba (umbigada), empregada para designar dança de roda (de coreografia semelhante à do batuque) popular em todo o Brasil"
Na letra: "Porque este samba/ de arrepiar/ põe perna bamba/ mas faz gozar"
* Samba-canção: "Meiga Flor", 1929, de Henrique Vogeler e Freire Jr.
Samba de ênfase sobre a melodia e de ritmo mais contido, em geral romântica e sentimental
Na letra: "Se amas alguém, meiga flor/ demais te convém outro amor/ eu quero partir para não mais te ver/ eu quero fugir e bem longe morrer"
* Embolada: "A Espingarda", 1929, de Jararaca
Gênero ritmado e sincopado característico do Nordeste, com melodia declamatória, rápida e cheia de onomatopéias
Na letra: "Oito hora, mamãe, faça a cama/ nove hora, mamãe, deite eu/ na vorta da madrugada/ mamãe, me cubra, mamãe, cubra eu"
* Machinha carnavalesca: "Ai, Amor", 1921, de Freire Jr.
Embora "Ó Abre Alas", de Chiquinha Gonzaga, seja considerada aprimeira marcha composta especialmente para o Carnaval e a mais popular à época, não foi gravada por ninguém antes de "Ai, Amor"
* Toada: "Tristezas do Jeca", 1926, de Angelino de Oliveira
Canção breve, em geral de estrofe e refrão, melancólica e sentimental
Na letra: "Nesta viola canto e gemo de verdade/ cada toada representa uma saudade"
Fontes: José Ramos Tinhorão, no encarte do CD "Como Tem Passado!!", e "Enciclopédia da Música Brasileira"


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