São Paulo, Quarta-feira, 03 de Fevereiro de 1999 |
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Arte brasileira vai à Espanha para tentar escapar da crise
CELSO FIORAVANTE da Reportagem Local O mercado de arte brasileira dá seu primeiro passo para sair da crise. E a direção é o aeroporto, com destino final em Madri, na Espanha, onde acontece, de 11 a 16 deste mês, a feira de arte Arco. É a primeira grande feira do ano e concorre apenas com a de Chicago, em maio, nos EUA, e com a da Basiléia, em junho, na Suíça. Difere das duas por imprimir uma forte preocupação teórica e conceitual ao evento, já que boa parte de sua programação é dedicada a palestras com curadores e teóricos de arte, como o curador da próxima Documenta, Okwui Enwezor, e o crítico Francesco Bonami. É a 18ª edição do evento e conta com a participação de 235 galerias de 30 países. A França terá um destaque à parte, já que é o país homenageado (leia texto ao lado). O Brasil comparece com duas galerias (Camargo Vilaça e Casa Triângulo) e quatro artistas selecionados pelo curador Adriano Pedrosa para os "project rooms", seção em que cada artista terá um espaço exclusivo com 30 m2. No ano passado, a Arco contou com a participação da galerista Valú Ória, que não vai este ano. "Apesar de a feira ter sido muito boa tanto em vendas quanto em contatos, este ano os custos para mostras no exterior aumentaram muito", justificou a galerista. A Camargo Vilaça volta ao evento em um estande de 115 m2, mais o "project room" de Iran do Espírito Santo. Vai gastar cerca de US$ 40 mil com a feira, mas o galerista Marcantonio Vilaça acredita que o investimento compensa. "Uma feira é sempre um risco, mas também não sou suicida. É preciso fazer esse investimento para que o artista venda lá fora. Com a feira, viabilizo mostras no exterior, realizo vendas e faço contatos para vendas futuras", disse. "A Arco é ótima para começar uma política de expansão. A língua ajuda e tem uma ótima frequência de brasileiros e latino-americanos", disse Vilaça. Este ano, participa ainda das feiras da Basiléia, Chicago, Berlim, Paris (Fiac), Caracas e San Francisco. O galerista acredita que o mercado interno deva se retrair este ano e atingir principalmente as galerias mais comerciais, que trabalham com um produto mais direcionado ao mercado interno. Acredita ainda que a crise afetará o comprador esporádico, mas não o colecionador. "Esse não pára de comprar, pois precisa de arte", disse. O galerista Ricardo Trevisan estreou na Arco em 97 e volta este ano com um estande de 40 m2 na seção "cutting edge" (reservado às galerias mais alternativas) e o "project room" de Sandra Cinto. "Não fui em 98, pois investi muito em 97 e precisava me concentrar no Brasil no ano da Bienal", disse Trevisan, que investirá cerca de US$ 10 mil na feira este ano. "A feira serve para a inserção da galeria no mercado internacional. É um investimento que sempre vale a pena", disse o galerista, que pretende ainda levar seus artistas à feira de Caracas, na Venezuela, este ano. "Essa saída para o exterior sempre foi necessária, independente das crises internas", disse. Texto Anterior: Filmes e TV Paga Próximo Texto: "Project rooms" dão mais liberdade aos artistas Índice |
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