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"OMERTÀ"
Livro perpetua os códigos de Mario Puzo
DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
"Omertà" é um filme de
363 páginas. Como usar
um termo que não seja "cinematográfico" para definir uma narrativa que inclui, em suas páginas
iniciais, algo como a viagem de
um bebê de 2 anos, "vestido com
uma túnica e um chapéu pretos",
"(...) na cadeira da carruagem fúnebre, puxada por um cavalo negro"?
Não há mal nisso, por ser o autor Mario Puzo (1920-99), criador
de "O Poderoso Chefão", best seller que lançou em 69 e que roteirizou para o cinema três vezes, o
que lhe conferiu status de cronista
a la Hollywood de uma das facetas
do submundo americano.
Escritor que viria a admitir que
fez "O Poderoso Chefão" por dinheiro (assim como suas adaptações para as telas), que roteirizaria
ainda -pelos mesmos motivos
contábeis- "Superman - O Filme" (78) e sua sequência e que citaria sempre como seu melhor livro o obscuro "The Fortunate Pilgrim", Puzo concentrou, em
"Omertà", todos os elementos
que fizeram sua fama e a dos Corleone, a família-tema da trilogia
dirigida por Francis Ford Coppola.
Estão neste que é o último livro
do autor os mafiosos isentos de
piedade, mas inesperadamente
ternos e sempre zelosos com a família, os personagens ligados ao
mesmo tempo ao crime e à religião (um dos assassinos da história foi coroinha na infância), animais decapitados sobre camas como um sinal de ameaça de morte
e os tiros saídos de carros em movimento, nas escadarias de uma
igreja, após a crisma de um adolescente. Mais hollywoodiano impossível.
"Omertà" -código de honra siciliano que determina silêncio absoluto sobre crimes cometidos
por motivos estritamente pessoais- tem início após a morte
de um poderoso chefão da Máfia.
Um filho de criação do morto, Astorre Viola -um cantor de baladas italianas educado na Inglaterra e aparentemente inofensivo-,
toma as rédeas dos negócios da
família e passa a investigar a causa
e a autoria do assassinato.
Não vai demorar a se envolver
com funcionários do FBI não exatamente exemplares, chefões ardilosos, diplomatas corruptos, assassinos de carreira e mulheres
sedutoras e fatais.
Astorre segue a mesma linhagem de durões esclarecidos já
apresentada à exaustão por tipos
como o Michael Corleone (Al Pacino) da trilogia "O Poderoso
Chefão", por exemplo. Mas Puzo
mantém a credibilidade de seus
personagens, apesar da simplificação exagerada de suas motivações, caso do agente do FBI que
cria cachorros por serem eles "incapazes de conspirar".
Descontados deslizes dessa natureza, "Omertà" não decepciona
porque não promete arroubos estilísticos. É um filme de ação e, como todos os bons do gênero, entretém facilmente.
Omertà
Autor: Mario Puzo
Editora: Record
Quanto: R$ 27, em média (363 págs.)
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