São Paulo, sábado, 03 de março de 2001

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TEATRO

Mostra paralela do Festival de Curitiba trazia, em 2000, 46 atrações
Fringe traça panorama "off off" com 110 peças

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao meio-dia do próximo 23, terá início um dos maiores panoramas teatrais "off off" já realizados no Brasil: a Mostra Fringe, com 110 espetáculos, a maioria autoproclamada experimental, apresentados paralelamente à Mostra Oficial do 10º Festival de Teatro de Curitiba ( FTC), que abre um dia antes e segue até 1º de abril.
Apesar de subjeti vo, o conceit o experimental é aplicado ao teatro quando se trata de trabalhos que investem na pesquisa de linguagem cênica ou dramatúrgica.
O Fringe, ou "franja", em inglês, é nome emprestado do Festival de Edimburgo, na Escócia, cuja mostra paralela recebe em média 600 companhias por ano.
Em sua terceira edição, o Fringe de Curitiba terá mais que o dobro de espetáculos do ano passado: são 110, contra os 46 de 2000 e os 31 de 1999.
A programação é dominada por montagens do Paraná (34), São Paulo (28), Rio de Janeiro (20), Minas Gerais (seis), Bahia (cinco) e Rio Grande do Sul (cinco).
Mas o espectro ge ográfico é amplo. Há representantes de Santa Catarina, Goiás, Acre, Brasília e Mato Grosso. Também foram incluídas quatro produções estrangeiras, vindas de Berlim, Amsterdã, Los Angeles e Nova York.
Para comportar a demanda (a organizaçã o diz que os 110 espetáculos foram pinçados do universo de cerca de 300 inscrições recebidas de todo o país e do exterior), haverá cinco sessões diárias com montagens diferentes, sempre às 12h, 15h, 18h, 21h e à meia-noite.
Os espaços para as apresentações variam de teatros de pequeno porte a bares, passando por praças, ruas e até uma boate.
"Eu acho que vai funcionar tudo direitinho", afirma o diretor-geral do FTC, Victor Aronis, 43. Cada companhia poderia fazer de duas a dez apresentações, mas a maioria optou porotrês. "O ideal é que fizessem mais, para "pegar" junto ao público", diz Aro nis.
As montagens que participam do Fringe, ao contrário daquelas convidadas para a Mostra Oficial (18 atrações este ano), não recebem cachê.
Para cada sessão agendada, paga-se uma taxa simbólica, de R$ 50 ou R$ 30 (espaços alternativos ), o que implica produção local mínima (operadores de luz e som, produtor e divulgação).
No caso dos espetáculos com bilheteria, uma porcentagem ficará com a organização -quando não ultrapassar a taxa obrigatória (20% para o grupo que pagou R$ 50 e 10% para aquele que desembolsou R$ 30). O valor do ingresso é critério de cada companhia (a média de preços no ano passado foi de R$ 5).
Apesar de selecionados -a curadoria é feita por críticos, profissionais da área e pelo próprio Aronis -, alguns grupos ainda não confirmaram participação. É o caso da Cia. das Dhamas, de Porto Alegre (RS), que tem programadas quatro apresentações do espetáculo "Hobárccu ".
"Não temos certeza absoluta de que iremos, dependemos da resposta ao pedido de apoio que fizemos a duas empresas aéreas", afirma a diretora e atriz Deborah Finocchiaro, 34.
Ela reconhece a importância do Fringe, "sua projeção nacional", mas diz que a organização poderia viabilizar apoio mais efetivo, como a permuta de passagens aéreas ou rodoviárias.


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