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Abujamra mostra seus mundos
Em "Mafaro", seu terceiro CD solo, músico mistura influências que vão do reggae ao som dos Bálcãs
Para ele, função de sua
arte é poder misturar "Sandy e Júnior com Metallica. Pode ser difícil, mas não é impossível"
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tudo em "Mafaro", novo CD
de André Abujamra, soa global.
Uma mistura de música brasileira com levadas dos Bálcãs,
ritmos africanos e latinos, algo
de reggae e de rock. Isso sem
contar as outras influências
mais sutis que permeiam o disco, como, por exemplo, a música indiana. "E não é um Frankenstein. Porque, para mim,
tudo isso tem a ver", diz ele.
Mas, segundo Abujamra, 44,
soar global não é algo planejado, intenção artística, mas consequência natural de seu universo mental, que, desde criança, foi colhendo influências de
pessoas e países com os quais
teve contato. É como uma esponja, diz ele, que vai absorvendo música por onde passa.
"Fui viajar para Praga e pirei
com aquela música. Voltei e fui
direto para o Maranhão, e pirei
também. Aí fui tocar na África...
Então essas coisas todas entraram no meu corpo. A minha cabeça é misturada mesmo."
E se essa mistura marcou toda a carreira de Abujamra
-que desde os anos 1980 tocou
em bandas como Os Mulheres
Negras e Karnak-, fica mais
evidente em "Mafaro", seu terceiro CD solo, que tem agora
shows de lançamento em SP.
Com raras exceções, como
nas calmas "Logun Edé" e "Mafaro", o disco traz, em suas 12
músicas, levadas fortes de sopros e percussões, acompanhadas de bandolim ou acordeão.
Mas se os sons propõem que
vivemos em um mundo vasto e
diverso, as letras tentam mostrar o tamanho de outro universo. "O mundo de dentro da
gente é maior que o de fora da
gente", diz verso de "Imaginação". E Abujamra explica: "O
que a gente quiser inventar a
gente pode".
Há lugar, também, para letras irônicas, como a de "Daunloudaram", que por vezes
lembram rimas de Zeca Baleiro. Não à toa, o músico maranhense é um dos participantes
do CD, na faixa "Lexotan". Os
outros são Evandro Mesquita,
Luiz Caldas, Xis e Curumin.
O show de "Mafaro", que tem
apresentações hoje e amanhã
no Auditório Ibirapuera, segue
a ideia do disco, sendo anunciado como "lançamento mundial". "Sim, estou pensando em
sair do Brasil, ir até para a China. Não sei bem por quê, mas eu
faço mais sucesso fora do que
aqui", diz Abujamra.
Sobem ao palco dez músicos
(cinco sopros, baixo, bateria,
duas guitarras e percussão), e
um computador cheio de programações. Além disso, quatro
telões mostram filmes produzidos por Abujamra. "Um filme-show. Acabou o filme, acabou o
show. Como um cinema mudo
com a banda tocando em cima."
Dessa forma, segundo o músico, o espetáculo dura exatos
57 minutos e 24 segundos, sem
lugar para bis, já que começo,
meio e fim são planejados.
MAFARO
Artista: André Abujamra
Lançamento: Independente
Quanto: R$ 27,20 (em média)
SHOW DE LANÇAMENTO
Quando: hoje às 21h, dom., às 19h
Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2,
tel. 0/xx/11/3629-1014)
Quanto: R$ 30 (R$ 15 meia)
Classificação: livre
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