São Paulo, sábado, 03 de abril de 2010

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Abujamra mostra seus mundos

Em "Mafaro", seu terceiro CD solo, músico mistura influências que vão do reggae ao som dos Bálcãs

Para ele, função de sua arte é poder misturar "Sandy e Júnior com Metallica. Pode ser difícil, mas não é impossível"

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tudo em "Mafaro", novo CD de André Abujamra, soa global. Uma mistura de música brasileira com levadas dos Bálcãs, ritmos africanos e latinos, algo de reggae e de rock. Isso sem contar as outras influências mais sutis que permeiam o disco, como, por exemplo, a música indiana. "E não é um Frankenstein. Porque, para mim, tudo isso tem a ver", diz ele.
Mas, segundo Abujamra, 44, soar global não é algo planejado, intenção artística, mas consequência natural de seu universo mental, que, desde criança, foi colhendo influências de pessoas e países com os quais teve contato. É como uma esponja, diz ele, que vai absorvendo música por onde passa.
"Fui viajar para Praga e pirei com aquela música. Voltei e fui direto para o Maranhão, e pirei também. Aí fui tocar na África... Então essas coisas todas entraram no meu corpo. A minha cabeça é misturada mesmo."
E se essa mistura marcou toda a carreira de Abujamra -que desde os anos 1980 tocou em bandas como Os Mulheres Negras e Karnak-, fica mais evidente em "Mafaro", seu terceiro CD solo, que tem agora shows de lançamento em SP.
Com raras exceções, como nas calmas "Logun Edé" e "Mafaro", o disco traz, em suas 12 músicas, levadas fortes de sopros e percussões, acompanhadas de bandolim ou acordeão.
Mas se os sons propõem que vivemos em um mundo vasto e diverso, as letras tentam mostrar o tamanho de outro universo. "O mundo de dentro da gente é maior que o de fora da gente", diz verso de "Imaginação". E Abujamra explica: "O que a gente quiser inventar a gente pode".
Há lugar, também, para letras irônicas, como a de "Daunloudaram", que por vezes lembram rimas de Zeca Baleiro. Não à toa, o músico maranhense é um dos participantes do CD, na faixa "Lexotan". Os outros são Evandro Mesquita, Luiz Caldas, Xis e Curumin.
O show de "Mafaro", que tem apresentações hoje e amanhã no Auditório Ibirapuera, segue a ideia do disco, sendo anunciado como "lançamento mundial". "Sim, estou pensando em sair do Brasil, ir até para a China. Não sei bem por quê, mas eu faço mais sucesso fora do que aqui", diz Abujamra.
Sobem ao palco dez músicos (cinco sopros, baixo, bateria, duas guitarras e percussão), e um computador cheio de programações. Além disso, quatro telões mostram filmes produzidos por Abujamra. "Um filme-show. Acabou o filme, acabou o show. Como um cinema mudo com a banda tocando em cima."
Dessa forma, segundo o músico, o espetáculo dura exatos 57 minutos e 24 segundos, sem lugar para bis, já que começo, meio e fim são planejados.


MAFARO
Artista: André Abujamra
Lançamento: Independente
Quanto: R$ 27,20 (em média)

SHOW DE LANÇAMENTO
Quando: hoje às 21h, dom., às 19h
Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2, tel. 0/xx/11/3629-1014)
Quanto: R$ 30 (R$ 15 meia)
Classificação: livre




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