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ARTES PLÁSTICAS
Galeria Fortes Villaça abre mostra com obras de artistas que fogem do estereótipo de seus conterrâneos
Exposição atenta para os "dissidentes" britânicos
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que ganhou notoriedade,
nos anos 90, a Jovem Arte Britânica (Young British Art - YBA) foi
disseminada como marca de polêmica e sensacionalismo. Esses
adjetivos deveriam envolver toda
uma geração de artistas, especialmente aqueles colecionados pelo
publicitário Charles Saatchi. Entretanto alguns passaram ilesos
pela estampa "Sensation", referência à mostra organizada em
Londres em 1997.
Angus Fairhurst, Cerith Wyn
Evans e Liam Gillick, alguns desses "dissidentes" da "Sensation" e
cujas obras escapam do marketing de Saatchi, apresentam, a
partir de hoje, na Fortes Vilaça,
essa outra possibilidade de visão
da arte britânica contemporânea.
"São três artistas que conheço
há muito tempo e não foram vistos na mostra da Tate na Oca [no
ano passado]. Todos têm uma
obra que foge dos clichês da
YBA", diz Márcia Fortes, sócia da
galeria onde a mostra acontece e
curadora da exposição.
Em São Paulo, os três apresentam trabalhos fortes e de grandes
dimensões, como Fairhurst, que
trouxe "Cinco Outdoors, Texto e
Corpo Removido", um outdoor
em escala real. "Removi textos e
imagens do corpo humano de
cinco outdoors e rearranjei as
imagens. Trabalho com a idéia de
criar algo a partir do desaparecimento de elementos", conta o artista, durante a montagem.
Já em "Mesa Mnemônica", também de Fairhurst, o artista trabalha com o conceito de memória.
Uma mesa em madeira recebe
plantas que nascem espontaneamente na cidade, dessas que surgem nos muros. "É uma forma de
pensar sobre uma memória ancestral, de onde vem a própria
mesa", afirma.
Evans, que já foi assistente do
diretor Derek Jarman, traz a instalação "O Filme Já Começou",
que mescla plantas e projeções sobre uma bexiga, trabalho que
lembra os ambientes de Hélio Oiticica. Não é por acaso. O artista
viu a histórica montagem de Oiticica na Whitechapel, em 1969, e
ajudou a montar outras exposições do artista, em Londres.
Evans apresenta ainda outras
três obras, sendo uma delas uma
performance, com fogos de artifício, que ocorre hoje, às 21 horas,
na qual ele irá escrever uma frase
de Caetano Veloso na parede externa da galeria. Em todas as suas
obras, Evans reúne elementos díspares, realizando citações e apropriações. "Considero-me um curador do meu próprio trabalho",
diz ele, que até foi visto na "Sensation". "Foi um acidente", brinca.
Finalmente, Gillick, que não veio
ao Brasil, comparece com uma
composição geométrica nas paredes e três esculturas suspensas.
Em tempo: o estranho título da
mostra, "Drunkenmasters" (literalmente: mestres da bebedeira),
segundo Fortes, é uma referência
a um gênero de kung fu no qual o
lutador faz movimentos bêbados
para confundir e desarmar o adversário, o que reforça o trio como dissidentes da YBA.
DRUNKENMASTERS. Curadoria: Márcia
Fortes. Quando: abertura hoje, às 19h; de
ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às
17h; até 3/7. Onde: galeria Fortes Vilaça
(r. Fradique Coutinho, 1.500, SP, tel. 0/
xx/11/3032-7066). Quanto: entrada
franca.
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