São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Crítica

Chou tem cardápio com boas idéias, mas comida ainda carece de ajustes

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O lugar é muito atraente. Uma casa com entrada discreta numa rua tranqüila, um salão confortável e um quintal de antigamente, com mesas sob árvores e jardim de ervas. É o cenário do Chou.
O restaurante pertence à chef paulistana (mas criada numa fazenda do interior do Estado) Gabriela Barreto, 29 anos, mas com experiência já considerável. Estudou cozinha em Paris, onde estagiou no Grand Véfour, abriu um restaurante na Catalunha, trabalhou em outros no País Basco, viajou pela Argentina (onde trabalhou com Francis Mallmann) e no Brasil trabalhou com Clô Dimet e Paola Carosella.
Desta última -e do mestre delas, Mallmann- herdou o pendor pela simplicidade e pelo valor bruto dos alimentos. Agora em seu restaurante procurou, em suas palavras, oferecer uma comida fresca, descomplicada e despretensiosa, com produtos da estação. Como o cardápio anuncia.
A comida é agradável como o lugar, mas nem tudo é o que promete. Em vários casos, parece que são boas idéias sobre as quais ainda falta pegar a mão direito. O cardápio é curioso, são 13 entradas e apenas cinco pratos -um convite, como está escrito, a "beliscar, partilhar e lamber os dedos" nos petiscos, parte dos quais, como os grelhados sugeridos em seguida, são preparados na churrasqueira de lenha.
Boa sugestão são os fritelle de ricota com sálvia fresca e anchovas espanholas (embora o gosto das anchovas cumpra o anunciado pelo garçom, "são tão delicadas que nem se percebe", um desperdício, portanto).
Há também uma cavalinha grelhada inteira, faltou sal, mas tem condimentos refrescantes e cítricos bem agradáveis. Bons cogumelos com molho de avelãs e parmesão. E ainda berinjelas queimadas com tomate-cereja e manjericão; e gostosa mandioca grelhada no carvão com sal grosso marinho e orégano fresco.
Entre os pratos principais, os grelhados, algo estranho a canela de cordeiro marinada com alecrim e pimenta-do-reino, um corte tão duro (é de onde vem o ossobuco) que normalmente é feito em longo cozimento; aqui, apenas grelhado, estava imordível. Já a costeleta de porco com tomilho e limão estava, como prometia o cardápio, tenra e suculenta.


josimar@basilico.com.br

CHOU
Avaliação: regular
Endereço: r. Mateus Grou, 345, Pinheiros, tel. 0/xx/ 11/3083-6898
Funcionamento: qua., das 20h à 0h; qui. a sáb., das 20h à 1h
Ambiente: uma casa ainda com ares de residência, bem arrumada, com quintal e tudo
Serviço: bem informado, atencioso
Vinhos: a oferta não é tão ampla, mas variada e de boa qualidade
Cartões: Master e Dinners
Estacionamento com manobrista: R$ 10
Preços: couvert, R$ 9; entradas, R$ 11 a R$ 21; pratos principais, R$ 28 a R$ 38; sobremesas, R$ 12 a R$ 29



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