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RESTAURANTE - CRÍTICA
Dadá exibe sua Bahia moderna
JOSIMAR MELO
especial para a Folha
O que é que a Dadá tem, que
produz tanto encantamento nos
paladares de todos os baianos,
principalmente os ilustres? O que
produz tantas romarias ao humilde restaurante Tempero da Dadá,
montado precariamente, nove
anos atrás, no quintal de sua casa
num bairro pobre de Salvador?
A resposta a tudo isso está mais
perto dos paulistanos desde que
foi aberta, um mês atrás, a filial
paulistana do restaurante.
Se na Bahia a cozinheira atrai
tantos figurões, sua versão paulistana não poderia ser uma casa
modesta. E não é: a antiga doméstica, depois transformada em dona de tabuleiro em que vendia quitutes, em São Paulo atende na rua
Amauri, entupida pelos carros reluzentes do abastado público.
As mãos de ouro da Dadá começaram a magnetizar a cidade.
Bem, nem sempre suas mãos estão
aí, já que ela -Adalci dos Santos,
37- e seu marido, Paulo Figueiredo, 32, andam divididos alucinadamente entre SP e Salvador.
Resta aqui a retaguarda das três
sócias que, apaixonadas pela cozinha e depois de muito sonhar com
seu próprio restaurante, optaram
por trazer o de Dadá.
Marluce Brito e sua filha Rosangela Lutkus, junto com a amiga
Rosana Bernardini, 30, largaram o
negócio de família para mergulhar
nas gamelas, nas moquecas de siri-mole, nos xinxins, no caldo de
sururu (um pequeno e delicioso
molusco) e nas ambrosias.
E o que trouxe Dadá? Antes de
mais nada um carisma irresistível,
irradiado pelo sorriso luminoso
emoldurado por turbantes coloridos. Trouxe também uma cozinha
que, dentre predicados como a
boa escolha de ingredientes, e apesar de alguns desacertos em seu
início paulistanos, enfeitiçou os
baianos por manter um aspecto
regional, mas ao mesmo tempo
ser mais sutil, leve e moderna.
Os crustáceos trazidos do Ceará,
o leite de coco extraído diretamente do fruto, a moqueca praticamente sem dendê, o polvo com
vinagrete de ares ibéricos, a carne
de sol feita em casa com parcimônia de sal -tudo isso encanta os
baianos sempre expostos às tentações das pimentas e do dendê.
Resta saber o que um paulistano
achará da experiência. A delicadeza de Dadá é no fundo mais paulista que baiana; e termina deixando
saudades da pungente fragrância e
das emoções fortes que a Bahia coloca em seus pratos.
Cotação: bom / $$$
Onde: r. Amauri, 282 (Itaim Bibi), tel.
011/282-4990
Quando: seg a sex, 12h/15h30 e
19h/1h30; sáb, 12h/1h30; dom, 12h/23h30
Cozinha: baiana moderna, bem mais leve
Ambiente: mesas confortáveis
Serviço: ainda em ajuste
Estacionamento (pago) com manobrista
Cartão: todos
Quanto: pescados, R$ 18 a R$ 34; carnes e
aves, R$ 12 a R$ 18; sobremesas, até R$ 7
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