São Paulo, sexta, 3 de julho de 1998

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RESTAURANTE - CRÍTICA
Dadá exibe sua Bahia moderna

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

O que é que a Dadá tem, que produz tanto encantamento nos paladares de todos os baianos, principalmente os ilustres? O que produz tantas romarias ao humilde restaurante Tempero da Dadá, montado precariamente, nove anos atrás, no quintal de sua casa num bairro pobre de Salvador?
A resposta a tudo isso está mais perto dos paulistanos desde que foi aberta, um mês atrás, a filial paulistana do restaurante.
Se na Bahia a cozinheira atrai tantos figurões, sua versão paulistana não poderia ser uma casa modesta. E não é: a antiga doméstica, depois transformada em dona de tabuleiro em que vendia quitutes, em São Paulo atende na rua Amauri, entupida pelos carros reluzentes do abastado público.
As mãos de ouro da Dadá começaram a magnetizar a cidade. Bem, nem sempre suas mãos estão aí, já que ela -Adalci dos Santos, 37- e seu marido, Paulo Figueiredo, 32, andam divididos alucinadamente entre SP e Salvador.
Resta aqui a retaguarda das três sócias que, apaixonadas pela cozinha e depois de muito sonhar com seu próprio restaurante, optaram por trazer o de Dadá.
Marluce Brito e sua filha Rosangela Lutkus, junto com a amiga Rosana Bernardini, 30, largaram o negócio de família para mergulhar nas gamelas, nas moquecas de siri-mole, nos xinxins, no caldo de sururu (um pequeno e delicioso molusco) e nas ambrosias.
E o que trouxe Dadá? Antes de mais nada um carisma irresistível, irradiado pelo sorriso luminoso emoldurado por turbantes coloridos. Trouxe também uma cozinha que, dentre predicados como a boa escolha de ingredientes, e apesar de alguns desacertos em seu início paulistanos, enfeitiçou os baianos por manter um aspecto regional, mas ao mesmo tempo ser mais sutil, leve e moderna.
Os crustáceos trazidos do Ceará, o leite de coco extraído diretamente do fruto, a moqueca praticamente sem dendê, o polvo com vinagrete de ares ibéricos, a carne de sol feita em casa com parcimônia de sal -tudo isso encanta os baianos sempre expostos às tentações das pimentas e do dendê.
Resta saber o que um paulistano achará da experiência. A delicadeza de Dadá é no fundo mais paulista que baiana; e termina deixando saudades da pungente fragrância e das emoções fortes que a Bahia coloca em seus pratos.

Cotação: bom / $$$
Onde: r. Amauri, 282 (Itaim Bibi), tel. 011/282-4990
Quando: seg a sex, 12h/15h30 e 19h/1h30; sáb, 12h/1h30; dom, 12h/23h30
Cozinha: baiana moderna, bem mais leve
Ambiente: mesas confortáveis
Serviço: ainda em ajuste
Estacionamento (pago) com manobrista
Cartão: todos
Quanto: pescados, R$ 18 a R$ 34; carnes e aves, R$ 12 a R$ 18; sobremesas, até R$ 7



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