São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002 |
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TRECHO "Então o vê. Está de pé junto à cratera, alto e corpulento e recortado contra o verde-escuro dos pinheiros e o azul-escuro das nuvens, ofegando um pouco, as grandes mãos aferradas ao fuzil de través e o uniforme de campanha cheio de fivelas e puído pela intempérie. Presa da anômala resignação de quem sabe que sua hora chegou, através de seus óculos de míope encharcados Sánchez Mazas olha o soldado que irá matá-lo ou irá entregá-lo. (...) Mas o tiro não chega, e Sánchez Mazas, como se já estivesse morto e desde a morte recordasse uma cena de sonho, observa sem incredulidade o soldado avançar lentamente em direção à borda da cratera sob a chuva que não pára e o rumor dos carabineiros à sua procura, dar uns passos apenas, o fuzil apontado sem ostentação para ele. (...) Um grito vizinho trespassa o rumor vegetal da chuva: -Tem alguém aí?" de "Soldados de Salamina" Texto Anterior: Livros/lançamentos - Espanha: Obra relativiza heroísmos da guerra civil Próximo Texto: Português desmonta mito nacional Índice |
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