São Paulo, segunda, 3 de agosto de 1998

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Festival judaico exalta Berliner

AMIR LABAKI

de Nova York

A grande revelação do cinema americano recente não liga para Hollywood, não foi consagrado pelo Sundance e trabalha artesanalmente a partir de sua base em Nova York, fazendo documentários experimentais a partir de filmes caseiros e histórias de família. Seu nome é Alan Berliner e a possível confusão com o diretor de "Minha Vida em Cor-de-Rosa" já pauta seu novo filme. A retrospectiva Berliner é o ponto alto do 3º Festival de Cinema Judaico, que começa amanhã na Hebraica e no MIS. Seu novo projeto impede sua presença, mas Alan Berliner concedeu à

Folha a seguinte entrevista exclusiva, feita por fax e completada por telefone.

Folha - Como nasceu seu interesse por filmes caseiros?
Alan Berliner -
Filmes caseiros, sobre folclore e outras formas de arte popular, contêm todo tipo de sacadas surpreendentes acerca da condição humana.
Somados aos álbuns familiares de fotografia, são a única autêntica forma de história visual da vida familiar -sem roteiro, sem ensaio e sem defesa frente aos conflitos e contradições inerentes às relações em família.
Filmes caseiros podem também contar-nos muito da realidade econômica, social, racial e política de uma era, sem a filtragem da história oficial representada pelo documentarismo tradicional em cinema e TV.
Para mim, até os primeiros curtas dos irmãos Lumière são a um só tempo histórias breves, documentários e filmes caseiros. Acho que são fatias de cinema e de história muito ricas e poderosas.
Folha - Quais filmes marcaram sua descoberta do gênero?
Berliner -
Os filmes de Dziga Vertov, especialmente "O Homem da Câmera" (1929), sempre me emocionaram e influenciaram muito. A câmera de Vertov captura gente de verdade vivendo o próprio cotidiano de uma forma bela e estética.
Sou ainda um grande fã de "Berlim, Sinfonia de uma Metrópole" (1927), de Walter Ruttman. Essas duas sinfonias da cidade, com suas belas fotos em preto e branco, inspiraram-me na concepção de "Álbum de Família". Não existiram muitos documentários contemporâneos usando filmes caseiros antes.




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