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FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO
Cineasta prepara filme sobre homônimos
de Nova York
O cineasta americano Alan Berliner conta a seguir como decidiu
passar do trabalho com filmes
anônimos para experiências pessoais e de sua própria família.
Também revela seu próximo projeto, sobre pessoas que têm o mesmo nome que ele.
(AL)
Folha - O que o fez passar da
compilação de filmes de anônimos
para o enfoque de sua própria família?
Berliner - Fiz "Álbum de Família" em 1986, usando filmes 16mm
caseiros de mais de 70 famílias
americanas desconhecidas. O som
era composto de entrevistas, cartas lidas, gravações de festas de
aniversários, casamentos, feriados
etc.
Como o material bruto era muito
impessoal, foi crescendo o desejo
de encarar um desafio maior, o de
fazer algo derivado de minha própria vida e da relação com minha
própria família.
Folha - Assim nasceram "Estranho Íntimo" e "Não é da Conta de
Ninguém"?
Berliner - Em 1991, terminei
"Estranho", uma biografia de Joseph Cassuto, meu avô materno,
que morreu subitamente em 1974
antes de completar sua autobiografia.
O filme, que se tornou uma jornada através da história da família
de minha mãe, me satisfez por
pouco tempo.
Com o passar do tempo, a distância emocional entre o avô morto e o neto cineasta foi crescendo.
Mais um vez senti a urgência de
elevar o desafio emocional para
chegar ainda mais perto da revelação pessoal.
Vejo "Não é da Conta de Ninguém" como a parte final de uma
trilogia, aproximando-me mais e
mais da verdade humana, fazendo
um "zoom" no poder emocional
das relações familiares.
Não tive que procurar longe.
Meu pai, Oscar Berliner, que está
bem vivo, se agigantou como um
personagem incrivelmente convincente para mim.
Folha - Depois de ele resistir tanto às filmagens, como reagiu frente ao filme pronto?
Berliner - No lançamento mundial, na abertura do festival de Nova York de 1996, meu pai foi aclamado por mais de 1.100 pessoas.
Ele disse para alguém, que me
contou três semanas mais tarde,
que aquela tinha sido a noite mais
feliz da vida dele. Minha mãe sabia
da importância do filme para mim
e compreendeu que, para apaziguar feridas emocionais, eu tinha
que explorar a fundo nossa história familiar. Ela mantém até hoje
uma incrível compaixão por meu
pai, como o filme mostra.
Folha - Você notou alguma reação especial no público de origem
judaica?
Berliner - Muita gente o vê como uma extensão da suas próprias
extensas famílias. Vêem nossa relação como tipicamente judaica,
combativa e argumentativa.
Para os americanos em especial,
o filme parece ajudá-los a entender
como e porque muitos judeus aqui
não sabem quase nada sobre suas
raízes.
Folha - Pronta a trilogia, qual seu
novo projeto?
Berliner - Chama-se "The Language of Names" (A Linguagem
dos Nomes). É um filme sobre o
poder, o significado e o mistério
dos nomes das pessoas.
Estou localizando e entrevistando gente do mundo inteiro que tenha o meu nome: Alan Berliner.
Encontrei até agora 11 pessoas, um
na Bélgica (o cineasta que dirigiu
"Minha Vida em Cor-de-Rosa"),
um na França e nove nos EUA. Até
agora todos são judeus.
Se algum de seus leitores conhece alguém chamado Alan, Alain,
Allan, Allen ou Alin Berliner, adoraria que me mandassem um
e-mail (AJBERLINER@aol.com).
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