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TEATRO
América Latina é o tema de Avignon em 99
RICARDO FERNANDES
especial para a Folha, de Avignon
A 51ª edição do festival de teatro
de Avignon terminou ontem, no
sul da França, com a declaração
oficial do tema da mostra no ano
que vem: a América Latina. O Brasil, segundo o diretor-geral do festival, Bernard Faivre d'Arcier, será
destacado.
D'Arcier, em setembro, estará
percorrendo Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e Brasil para
escolher os espetáculos de 99. No
Brasil, confirmou visitas a Salvador, Rio e São Paulo.
De 10 de julho até ontem, apresentaram-se no festival 35 espetáculos da mostra oficial, que este
ano homenageou Shakespeare, e
cerca de 200 do Avignon Off, a
mostra paralela.
Irina Brook, filha do diretor inglês Peter Brook, encenou com a
companhia Théâtre du Soleil uma
versão de "All's Well That Ends
Well", de Shakespeare, num antigo convento de carmelitas.
As confusões amorosas da peça
foram mescladas a músicas marroquinas, russas e brasileiras, a lutas marciais e até capoeira.
O diretor italiano Romeo Castelucci escolheu "Julius Caesar" e
um espaço nada tradicional: um
ginásio de esportes.
Com atores "diferenciados",
como descreve, entre os quais
uma jovem anoréxica e outra com
síndrome de Down, o diretor
construiu um espetáculo no limite
entre crueldade e lirismo.
O diretor francês Laurent Pelly
montou "King John", texto pouco encenado de Shakespeare, com
andaimes gigantescos como castelos, navios e canhões, junto com
efeitos de luz e sombra.
A imensidão do palco engoliu os
22 bons atores, esquecidos pela
suntuosidade e pela duração da
peça, três horas e meia.
Três horas foi a duração de
"Hamlet", dirigida pelo lituano
Eimuntas Nekrosius.
Uma versão em que elementos
como água, gelo, metal e fogo intensificam o caráter gótico da peça. O espetáculo foi aplaudido por
mais de dez minutos. A morte de
Ofélia, em uma cena silenciosa, é o
ponto alto da encenação.
Além de Shakespeare, outros autores foram encenados na mostra
oficial, como Corneille, com direção do britânico Declan Donnellan (leia texto abaixo). Outro tema
do festival foi a Coréia, que levou
danças tradicionais, musicais e espetáculos rituais.
No Avignon Off, mostra paralela, os 200 espetáculos aconteceram
em bares, pequenos teatros, escolas e capelas. Peças de Beckett e
Molière, entre outros, foram apresentadas ao lado de criações coletivas e de "clowns".
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