São Paulo, segunda, 3 de agosto de 1998

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TEATRO
América Latina é o tema de Avignon em 99

RICARDO FERNANDES
especial para a Folha, de Avignon

A 51ª edição do festival de teatro de Avignon terminou ontem, no sul da França, com a declaração oficial do tema da mostra no ano que vem: a América Latina. O Brasil, segundo o diretor-geral do festival, Bernard Faivre d'Arcier, será destacado.
D'Arcier, em setembro, estará percorrendo Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e Brasil para escolher os espetáculos de 99. No Brasil, confirmou visitas a Salvador, Rio e São Paulo.
De 10 de julho até ontem, apresentaram-se no festival 35 espetáculos da mostra oficial, que este ano homenageou Shakespeare, e cerca de 200 do Avignon Off, a mostra paralela.
Irina Brook, filha do diretor inglês Peter Brook, encenou com a companhia Théâtre du Soleil uma versão de "All's Well That Ends Well", de Shakespeare, num antigo convento de carmelitas.
As confusões amorosas da peça foram mescladas a músicas marroquinas, russas e brasileiras, a lutas marciais e até capoeira.
O diretor italiano Romeo Castelucci escolheu "Julius Caesar" e um espaço nada tradicional: um ginásio de esportes.
Com atores "diferenciados", como descreve, entre os quais uma jovem anoréxica e outra com síndrome de Down, o diretor construiu um espetáculo no limite entre crueldade e lirismo.
O diretor francês Laurent Pelly montou "King John", texto pouco encenado de Shakespeare, com andaimes gigantescos como castelos, navios e canhões, junto com efeitos de luz e sombra.
A imensidão do palco engoliu os 22 bons atores, esquecidos pela suntuosidade e pela duração da peça, três horas e meia.
Três horas foi a duração de "Hamlet", dirigida pelo lituano Eimuntas Nekrosius.
Uma versão em que elementos como água, gelo, metal e fogo intensificam o caráter gótico da peça. O espetáculo foi aplaudido por mais de dez minutos. A morte de Ofélia, em uma cena silenciosa, é o ponto alto da encenação.
Além de Shakespeare, outros autores foram encenados na mostra oficial, como Corneille, com direção do britânico Declan Donnellan (leia texto abaixo). Outro tema do festival foi a Coréia, que levou danças tradicionais, musicais e espetáculos rituais.
No Avignon Off, mostra paralela, os 200 espetáculos aconteceram em bares, pequenos teatros, escolas e capelas. Peças de Beckett e Molière, entre outros, foram apresentadas ao lado de criações coletivas e de "clowns".



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