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Projeto leva
arte a crianças
de Salvador
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
Depois do sucesso dos projetos
Axé e Cidade Mãe, está nascendo
em Salvador (BA) mais um trabalho dirigido à formação artística
de crianças carentes -a Casa
Fundação AB das Artes.
Dirigido pelo percussionista
pernambucano Naná Vasconcelos, 54, o projeto vai funcionar em
um casarão construído há mais de
200 anos no Pelourinho (centro
histórico).
Completamente reformado, o
casarão de três andares foi doado
ao projeto na semana passada pelo
governo estadual. "O futuro do
Brasil está nas ruas", disse Vasconcelos, que mora nos Estados
Unidos há 21 anos.
Na primeira etapa do projeto,
deverão ser beneficiadas cerca de
300 crianças entre seis e nove
anos, matriculadas na rede pública da capital baiana. O cadastramento das crianças está previsto
para começar dentro de um mês.
A segunda etapa, que deve ter
início no primeiro trimestre do
próximo ano, prevê o cadastramento de crianças matriculadas
nos estabelecimentos educacionais da região metropolitana de
Salvador.
"A escola não pode funcionar
como uma barreira para demarcar
classes sociais. No Brasil, somente
quem tem dinheiro pode oferecer
aos filhos a possibilidade de um
futuro melhor", afirmou Naná
Vasconcelos.
"No AB das Artes, o aluno
aprenderá a desenvolver suas aptidões artísticas, trabalhando com
elementos culturais e objetos do
seu próprio cotidiano", disse.
Depois do teste de aptidão, os
alunos terão à disposição, no AB
das Artes, aulas específicas de artesanato, informática, cerâmica,
pintura, música, vídeo e percussão.
Segundo o percussionista, "a
partir da sensibilidade musical, o
objetivo do projeto é contribuir
para a socialização das crianças e
dos adolescentes".
Dentro do AB das Artes, o governo estadual também construiu
salas de aula, biblioteca, oficinas,
auditório, refeitório, sala de música e sala de reunião.
De acordo com Naná Vasconcelos, a Casa Fundação AB das Artes
está aberta a doações. "Precisamos de aparelhos de som, material
elétrico, equipamentos musicais e
discos."
O projeto apresentado pelo percussionista ao governo estadual
prevê a realização de concertos em
teatros e hospitais.
"Duas vezes por ano, as crianças vão mostrar ao público o que
aprenderam nas oficinas", afirmou Beth Cayres, uma das organizadoras do projeto.
Matriculado em uma escola pública de Salvador, João Carlos dos
Santos, 9, disse que gostou do projeto criado pelo governo estadual.
"As crianças carentes sonham
com muitas coisas. Precisamos
apenas de um empurrão para
mostrar que temos valor."
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