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Woo Hoo
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA, EM LONDRES
E aí o show do Morrissey no
Reading Festival ia começar...
Dado o panorama que envolvia
a apresentação do veterano cantor, naquele momento, naquela
hora, no sábado passado, espremido entre as performances dos
barulhentos e urgentes Libertines
e White Stripes, o show prometia
ser bem curioso.
O Libertines, a banda da hora na
Inglaterra, acabava de deixar o
palco depois de tocar os já "clássicos" hits de um grupo de intensos
dois, três anos de vida. Hits esses
misturados às músicas do disco
novo, homônimo, lançado na última segunda, e que deve ser colocado no topo das paradas britânicas quando os números forem divulgados, no final de semana.
Resumindo, o bastão do palco
principal do glorioso sábado do
Reading ia ser passado pelos furiosos garotos da novíssima geração do som britânico para o senhorzinho charmoso e algo rabugento que era velho amigo de
quem tinha mais de 25, 30 anos.
A esperada migração do público do Libertines para os outros
palcos, de atrações menos, hã, datadas, quase não ocorreu. A grande parte da molecada ficou para
ver o tio Moz cantar suas coisas de
coração dilacerado, pátria injusta
com seus filhos e outras implicações adultas, sérias.
A gritaria que Morrissey recebeu quando apareceu em cena foi
absurda. E retribuiu logo na primeira canção, com uma versão
raríssima de "How Soon Is Now",
uma das principais músicas de
sua seminal ex-banda, The
Smiths. Eu vi gente chorar.
Dos Smiths, Morrissey ainda
mandou "Shoplifters of the
World Unite" e "There Is a Light
That Never Goes Out". E a meninada aplaudiu fervorosamente o
cara que já foi considerado o "ser
mais maravilhoso do mundo". A
majestade se mostrava intacta.
O velho Morrissey encantava e
se mostrava encantado ele mesmo. Falou entre todas as músicas,
conversava, reclamava, contava
histórias. Pediu uma vaia gigante
para a Radio 1, uma das patrocinadoras do Reading Festival. "A
Radio 1 se recusou a tocar meus
últimos dois singles. Vamos dar
um grande "boo" para a Radio 1."
E tome "booooooo".
Em hora tal, falou que tomou
uma multa absurda no condado
de Caversham, só porque estava a
32 milhas por hora em uma estrada onde o limite permitido era 30.
"Caversham, esta música NÃO é
para você", bradou antes de começar "There Is a Light...".
"Vocês agüentam mais algumas
canções", soltou tímido, antes de
apresentar seu próximo single, a
sexy "Let Me Kiss You".
A luz de Morrissey parece nunca se apagar. Mesmo.
Hum
Já que não vamos ver o Franz
Ferdinand na festa do VMB, principal prêmio da MTV brasileira,
como "compensação" parece que
teremos David Byrne (ex-Talking
Heads) fazendo show com Caetano Veloso.
Woo Hoo
O novo hino da cena britânica
é... japonês. As meninas do 5678's,
sub-banda japonesa tosca, mundialmente conhecida depois que
tocaram meia hora durante cena
sanguinária de "Kill Bill", do Tarantino, virou coqueluche inglesa.
Tudo porque a principal música
delas, a peste "Woo Hoo", cuja assobiável letra traz a linha "Woo
hoo (pausa) woo hoo hoo", foi escolhida também como trilha sonora de um comercial sobre futebol de uma das principais cervejas
inglesas. Você por Londres e vai
ter sempre alguém cantarolando
"woo hoo woo hoo".
lucio@uol.com.br
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