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"O AGENTE DA ESTAÇÃO"
Busca pela redenção move longa
Divulgação
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O ator Peter Dinklage em cena de "O Agente da Estação", filme premiado no Festival de Sundance |
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Tudo em "O Agente da Estação" converge para o olhar. A
começar pelo seu protagonista,
um homem com pouco mais de
um metro de altura.
Finbar é um sujeito taciturno,
que trabalha numa loja de maquetes de trens, sua obsessão. Alvo de comentários jocosos ("Cadê
a Branca de Neve?", gritam as
crianças do bairro ), ele vê novas
perspectivas quando seu chefe
morre e lhe deixa uma herança.
Trata-se do galpão de uma estação ferroviária abandonada, numa cidadezinha esquecida em
Nova Jersey. O lugar, que servirá
como seu novo lar, é a oportunidade para se isolar de vez do mundo e dos olhares curiosos.
Tente se lembrar de quantas vezes você viu anões no cinema recente, que não fosse em filmes de
David Lynch ou em comédias de
gosto duvidoso, e você terá uma
idéia da provocação do diretor estreante Thomas McCarthy.
Finbar é o típico "outsider";
guarda semelhanças com outros
tipos misteriosos e sedutores, na
linha de Clint Eastwood. Poucas
vezes personagens delicados como Finbar são tratados de forma
honesta, num registro que guarda
parentesco com os irmãos Farrelly ("Ligado em Você", comédia
sobre irmãos siameses). Mas o
mundo de "O Agente" é menos
cor-de-rosa. Aqui, as pessoas são
desiludidas e ressentidas.
Finbar tenta fugir dos olhares,
mas não consegue, a começar pela visão do espectador. Ele não é
um mero coitadinho, como adora
o cinema independente americano. Ao contrário, é ríspido e trata
mal as pessoas que tentam estabelecer contato de amizade com ele.
Desde o primeiro momento em
seu novo lar, não encontrará paz.
Terá sua chance de redenção na
figura de quatro pessoas igualmente solitárias.
Joe é uma dessas figuras. Extremamente falante, com um trailer
de cachorros-quentes ao lado da
estação, tenta aproximar-se de
Finbar. Já Olivia é uma mulher
deprimida pela morte do filho e
por um casamento malsucedido.
Dinklage leva o filme inteiro nas
costas. Sua interpretação tira força de um motivo simples: podemos concluir que o que vemos na
tela é sua própria vida.
"O Agente" decai quando se
conforma aos limites de um filme
aborrecidamente dentro dos padrões da cinematografia da auto-ajuda. Finbar vai aos poucos abaixando suas defesas, abre a possibilidade para a amizade e o amor.
Quando vê que pode colocar tudo
a perder, tenta desesperadamente
recuperar o tempo perdido. A essa altura, o olhar é enganado novamente. A pequena figura de
Finbar vira mero detalhe. Passamos a enxergá-lo como um homem qualquer de estatura mediana. E o filme, como um drama
bem-humorado qualquer.
O Agente da Estação
The Station Agent
Direção: Thomas McCarthy
Produção: EUA, 2003
Com: Peter Dinklage, Patricia Clarkson
Quando: a partir de hoje no Frei Caneca
Unibanco Arteplex e Cineclube DirecTV
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