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"PARA SEMPRE NA MINHA VIDA"
Amor é a bandeira em filme político-juvenil
CLAUDIO SZYNKIER
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Para Sempre na Minha Vida" é um filme a ser entendido na tríade temática "ambiente escolar, alunos e autoridade".
Curiosamente, o tempo atual vem
mostrando versões de certo modo
simpáticas à autoridade.
Se pensarmos neste filme e em
"Ser e Ter", documentário que
disseca o equilíbrio natural de
uma escola, a idéia procede. Se
"Ser e Ter" louva ordem e o carinho duro existente na figura passadista de um professor, o filme
italiano conclui que a excitação
política de esquerda é febre tão radiante quanto bobinha, aos 16
anos. Artefatos poderosos seriam
mesmo a descoberta do amor e a
compreensão da mocidade como
ciclo de pequenos eventos especiais que se reeditam.
Alunos lutam contra a privatização de sua escola. Conquistam
fisicamente a instituição, vivem
enredos românticos e se deslocam de moto por Roma, onde o
filme rabisca um painel colorido
do que é ser jovem. Discursos são
diluídos em superficialismo que
assusta, mas a forma com que
Muccino conduz a história denuncia um romantismo de quem
é casado com a primeira namorada, ou coisa do tipo.
Explica-se: a filmagem indica
duas substâncias, a urgência e o
sublime, misturadas como se o diretor se sentisse e agisse de fato
como um dos alunos. Assim, a
agenda estética é pensada na inconseqüência de uma câmera ofegante, meio hormonal (a urgência), e em um radar antiquado de
beleza juvenil, com música "perfeita" nos lugares certos e olhar,
eventual, emulando poesia (o sublime). O filme é um doce e caótico caderno colegial de menino.
Interessante também é lembrar
do diabólico exercício em liberdade e vandalismo "Zéro de Conduite", de Jean Vigo, que, em
1933, trazia visão diferente sobre
autoridade, revolução e rebeldia.
Para Sempre na Minha Vida
Come te Nessuno Mai
Produção: Itália, 1999
Direção: Gabriele Muccino
Com: Silvio Muccino, Giuseppe Sanfelice
Quando: a partir de hoje nos cines Top
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