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Artista evoca
colonialismo
da Reportagem Local
Os trabalhos da artista plástica
moçambicana radicada em Portugal Ângela Ferreira lidam com um
tema que, segundo ela, ainda é incômodo para os portugueses: o
passado colonial do país no continente africano.
A instalação da artista apresentada no "Navegar É Preciso" tenta
resgatar essa incômoda memória.
No trabalho, Ângela dispôs peças
do mobiliário pertencente a seus
pais em frente a um vídeo realizado nos anos 70, que traz imagens
"filtradas" de Moçambique. Ou seja, omite a presença de negros,
apresentando brancos em hotéis
luxuosos e em praias paradisíacas.
"São imagens ainda vistas com
saudosismo por muitos portugueses e por pessoas de formação lusófona, como meus pais, que são
moçambicanos", diz a artista.
Atrás do televisor, se encontra
uma prateleira com três peças de
cerâmica retratando o personagem Gungunhama, o último chefe
tribal de Moçambique, antes da
chegada dos portugueses.
A dupla de videastas portugueses
João Tabarra e João Louro também se propôs a incomodar. No vídeo "Read My Lips - All Guilty", a
dupla critica a comercialização da
produção artística e levanta suspeitas sobre as instituições que patrocinam exposições de arte.
O artista Pedro Aimorim se volta
para um tema distinto: o seu próprio corpo. Aimorim apresenta
uma instalação com três monitores de vídeo. Em um deles, exibe
uma cena em que cose o próprio
dedo com linha e agulha; em outro,
enrola o rosto de uma mulher com
linha, enquanto ela faz o mesmo
em seu rosto.
"Optei por trabalhar com meu
corpo porque é a única coisa que
tenho de universal", diz Aimorim.
Já José Pedro Croft procura subverter a noção de espaço e "criar
paradoxos", diz. O paradoxo a que
refere o artista se faz presente em
uma das obras apresentadas.
Croft apoiou três gigantescos
blocos de gesso em um minúsculo
banco de madeira, criando um
triângulo equilátero em cima de
uma base quadrada, o apoio do
banco. O fotógrafo Jorge Molder,
selecionado para a Bienal de Veneza deste ano, faz, em seus auto-retratos, um jogo de contrastes entre
claro e escuro.
O quê: Exposições dos artistas José Pedro
Croft, Jorge Molder, João Tabarra, Ângela
Ferreira e Pedro Moitinho
Quanto: grátis
Quando: das 9h às 22h, até o dia 18 de
outubro
Onde: Centro Cultural São Paulo (rua
Vergueiro, 1.000, tel. 011/ 277-3611)
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