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CINEMA
"UMA SAÍDA DE MESTRE"
Produção recria filme obscuro dos anos 60
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Copiar ou não copiar, eis o dilema de "Uma Saída de Mestre".
Trata-se de uma refilmagem de
uma obra pouco conhecida de
1969. O título original, em inglês,
mantém até o mesmo nome do
primeiro, "The Italian Job".
Da mesma forma, foram aproveitadas idéias do antecessor, como o uso de Mini Coopers -carrinhos estilosos que custam em
torno de US$ 20 mil nos EUA- e
as filmagens na Itália -obrigatórias, a considerar o título original.
A imitação, porém, não se repete no enunciado em português (o
anterior chamou-se "Um Golpe à
Italiana"). A cópia também é bastante relativizada no enredo, agora temperado com sacadas adaptadas aos tempos de internet.
As tramas de antes e de agora falam sobre a elaboração de um inspirado plano para roubar uma
carga de ouro na Itália.
No original, a aventura se passava em Turim. Agora, foi levada a
Veneza, o que criou a chance de
colocar em prática uma nova
idéia para fugir com o ouro no
meio da cidade inundada.
Mas o filme que chega hoje às
telas brasileiras acrescentou um
componente americano à história, que se desenvolve, na maior
parte do tempo, em Los Angeles.
Se as idéias fluíram melhor desta vez, o mesmo não poderia ser
dito da produção e da filmagem.
O primeiro problema aconteceu ao escalar os atores. Mais badalado nome do elenco, Edward
Norton, que interpreta o vilão do
enredo, deixou claro que não queria participar do filme. Só o fez
por causa de uma obrigação contratual com a Paramount -e ainda assim escapou do trabalho de
promoção no lançamento.
No papel principal, a estrela do
filme de 1969, Michael Caine, ganhador de dois Oscars e três Globos de Ouro, deu lugar agora a
Mark Wahlberg, malvisto pela
crítica especializada desde que
atuou em "Boogie Nights".
Outra dificuldade foi conseguir
permissão das autoridades de Veneza e de Los Angeles para fazer
as filmagens. Em relação a Los
Angeles, o filme tem o mérito de
mostrar uma parte da cidade que
nem a população local conhece: o
metrô, com estações amplas e esvaziadas pela supremacia dos automóveis -situação diferente da
de cidades como Nova York.
"É estranho. Ninguém anda na
rua. Eu nem sabia que Los Angeles tinha metrô", diz Wahlberg.
Com as novidades introduzidas
em relação ao roteiro original,
"Uma Saída de Mestre" anda pela
linha tênue entre ser uma regravação e ser um filme novo, discussão que divide até mesmo quem o
fez. "Eu não penso que seja uma
homenagem. Acho que este filme
de agora tem substância", diz Donald Sutherland, que tem curta
participação como o mentor da
gangue de ladrões.
Já o produtor, Donald de Line,
aponta a iniciativa que tiveram de
mostrar Caine, o astro da versão
original, numa cena de TV no filme de agora. "Pensamos que era
uma boa idéia para as pessoas que
conseguirem sacar [a ligação]",
diz De Line.
Do ponto de vista comercial, o
filme tem ido bem. Já arrecadou
mais de US$ 100 milhões no mercado americano, onde foi, inclusive, relançado no mês passado.
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