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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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CINEMA

"UMA SAÍDA DE MESTRE"

Produção recria filme obscuro dos anos 60

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Copiar ou não copiar, eis o dilema de "Uma Saída de Mestre". Trata-se de uma refilmagem de uma obra pouco conhecida de 1969. O título original, em inglês, mantém até o mesmo nome do primeiro, "The Italian Job".
Da mesma forma, foram aproveitadas idéias do antecessor, como o uso de Mini Coopers -carrinhos estilosos que custam em torno de US$ 20 mil nos EUA- e as filmagens na Itália -obrigatórias, a considerar o título original.
A imitação, porém, não se repete no enunciado em português (o anterior chamou-se "Um Golpe à Italiana"). A cópia também é bastante relativizada no enredo, agora temperado com sacadas adaptadas aos tempos de internet.
As tramas de antes e de agora falam sobre a elaboração de um inspirado plano para roubar uma carga de ouro na Itália.
No original, a aventura se passava em Turim. Agora, foi levada a Veneza, o que criou a chance de colocar em prática uma nova idéia para fugir com o ouro no meio da cidade inundada.
Mas o filme que chega hoje às telas brasileiras acrescentou um componente americano à história, que se desenvolve, na maior parte do tempo, em Los Angeles.
Se as idéias fluíram melhor desta vez, o mesmo não poderia ser dito da produção e da filmagem.
O primeiro problema aconteceu ao escalar os atores. Mais badalado nome do elenco, Edward Norton, que interpreta o vilão do enredo, deixou claro que não queria participar do filme. Só o fez por causa de uma obrigação contratual com a Paramount -e ainda assim escapou do trabalho de promoção no lançamento.
No papel principal, a estrela do filme de 1969, Michael Caine, ganhador de dois Oscars e três Globos de Ouro, deu lugar agora a Mark Wahlberg, malvisto pela crítica especializada desde que atuou em "Boogie Nights".
Outra dificuldade foi conseguir permissão das autoridades de Veneza e de Los Angeles para fazer as filmagens. Em relação a Los Angeles, o filme tem o mérito de mostrar uma parte da cidade que nem a população local conhece: o metrô, com estações amplas e esvaziadas pela supremacia dos automóveis -situação diferente da de cidades como Nova York.
"É estranho. Ninguém anda na rua. Eu nem sabia que Los Angeles tinha metrô", diz Wahlberg.
Com as novidades introduzidas em relação ao roteiro original, "Uma Saída de Mestre" anda pela linha tênue entre ser uma regravação e ser um filme novo, discussão que divide até mesmo quem o fez. "Eu não penso que seja uma homenagem. Acho que este filme de agora tem substância", diz Donald Sutherland, que tem curta participação como o mentor da gangue de ladrões.
Já o produtor, Donald de Line, aponta a iniciativa que tiveram de mostrar Caine, o astro da versão original, numa cena de TV no filme de agora. "Pensamos que era uma boa idéia para as pessoas que conseguirem sacar [a ligação]", diz De Line.
Do ponto de vista comercial, o filme tem ido bem. Já arrecadou mais de US$ 100 milhões no mercado americano, onde foi, inclusive, relançado no mês passado.

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