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Gênero chegou aqui 20 anos atrasado
free-lance para a Folha
Grabriel Prioli, crítico de TV e
atualmente diretor da TV PUC,
situa o início da videoarte no Brasil nos anos 80: "A videoarte surge
com a chegada de equipamento
portátil de vídeo, que gerou explosão de produtoras no Brasil".
O Videobrasil começou em 1983
para mapear a produção brasileira -desde o início da década, os
produtores independentes estavam revolucionando a linguagem
audiovisual.
Diferentemente do que aconteceu na Europa e nos EUA, onde,
na década de 60, artistas de vanguarda migraram para o vídeo e
integraram-no como suporte, no
Brasil -apesar de algumas iniciativas como as de Aguilar ou Anna
Bella Geiger- o vídeo não gerou
sedução, não contaminou as artes
como no exterior.
Apenas no começo dos 80, jovens vindos de outras áreas criaram o Olhar Eletrônico (trupe de
Marcelo Tas) e a TV Tudo (turma
de Tadeu Jungle), produtoras que
batiam de frente com uma cultura
cinematográfica rançosa.
Os videomakers eram influenciados pelo cinema novo e muito
inspirados no programa "Abertura", da extinta TV Tupi, apresentado por Glauber Rocha.
Queriam propor outro jeito de
fazer TV, que era naquele momento um canal de expressão a
que não se tinha acesso. A intenção de mostrar a cara do Brasil na
TV tornou-se uma bandeira e gerou documentários clássicos, como "Do Outro Lado de Sua Casa",
feito pelo Olhar Eletrônico.
É dessa época o programa
"Mundo no Ar", que apresentou
ao mundo o repórter Ernesto Varella, personagem de Marcelo Tas,
que fazia entrevistas hilariantes.
No final dos anos 80, surgem os
videoartistas Sandra Kogut e Eder
Santos, propondo fazer algo não
político, mas estético.
Solange Farkas aponta uma diferença conceitual entre videomaker e videoartista. O primeiro usa
o vídeo como suporte para contar
uma história e seu espaço de difusão é a TV. O segundo produz algo mais próximo das artes, menos
comprometido com a narrativa linear e que tem ligação com filosofia e poesia. Seu circuito são as galerias, museus e festivais.
(JMo)
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