THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Poucas vezes o trabalho de um crítico de cinema pode ser tão fácil: o badalado "Fim dos Dias" é um lixo descomunal, um filme pavoroso. Não há atenuantes, não há nada para ser salvo. Arnold Schwarzenegger já transformou filmes "trash" em boas atrações, mas, dessa vez, não teve chance.
O vilão é o Diabo, o próprio, Satanás em pessoa. No caso, a pessoa do charmoso Gabriel Byrne, ator que o veterano diretor Peter Hyams não soube aproveitar. O senhor das trevas encarna num humano porque precisa, uma hora antes da meia-noite do último dia de 1999, dar uma transadinha com uma garota de 20 anos, escolhida por uma seita demoníaca.
Se ela for fecundada, o mundo como nós o conhecemos deixará de existir, as portas do Inferno vão se abrir, o enxofre cobrirá tudo e todo um blablablá inspirado em trechos do "Apocalipse".
Schwarzenegger é Jericho Cane (o nome já é dose!), um ex-policial alcoólatra que teve mulher e filhinha assassinadas (clichê pouco é bobagem!). Agora, com toda a sua fé na humanidade descida pelo ralo, Cane trabalha como segurança e, que azar, está escalado para proteger o figurão de Wall Street que é ninguém menos do que o humano cujo corpo Satanás tomou emprestado.
Numa sucessão de acontecimentos sem pé nem cabeça, Cane acaba cruzando o caminho da garota e passa a protegê-la. Para isso, o roteiro abusa de deduções absurdas e coincidências descabidas, vaiadas no meio das sessões prévias do filme em São Paulo.
A grande pergunta do roteiro é quando Schwarzenegger verá que a fé será mais eficaz do que o armário de metralhadoras que ele descarrega no demônio.
Schwarzenegger está péssimo, mas ele já esteve assim antes em filmes muito bons. Acontece que o resto não ajuda mesmo. A mocinha, Robin Tunney, é uma atriz medíocre e nem bonitinha é.
Com uma direção pesada que transforma, involuntariamente, cenas dramáticas em ridículas, "Fim dos Dias" é o fim da picada.

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