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"13º ANDAR"
Muito além de "Matrix"
da Reportagem Local
"13º Andar" só tem um defeito:
ter sido lançado depois de "Matrix". Assim, pega o público já
preparado para uma trama baseada em mundos virtuais. Mas isso
não impede a constatação: "13º
Andar" é muito mais cinema,
muito mais invenção.
O título tem origem no 13º andar de um prédio em Los Angeles,
no escritório de uma poderosa
empresa de software. Ali, o gênio
Hannon Fuller (o veterano Armin
Mueller-Stahl, sempre ótimo) desenvolve um programa de realidade virtual que simula a Los Angeles de 1937, em clima noir.
O filme começa com Fuller em
seu mundo irreal, onde assume o
papel de um magnata mulherengo. Mas ele sente que corre perigo
e deixa nas mãos de um barman
uma carta para ser entregue a
Douglas Hall. De volta à realidade, Fuller marca um encontro
com Hall, que é seu empregado de
confiança. Mas o cientista é assassinado antes que o subordinado
fale com o patrão.
Como o testamento de Fuller
deixa a empresa para Hall, ele
passa a ser o principal suspeito do
crime. E surge em cena a filha do
cientista, Jane, que tenta retomar
o controle da firma. Hall descobre
que seu chefe estava testando
constantemente o programa de
simulação e resolve entrar nele
para descobrir alguma pista do
assassino.
Nas idas e vindas entre mundo
real e virtual, o espectador é levado numa trama envolvente, complexa, muito mais interessante do
que os roteiros intelectualmente
rasteiros que assolam Hollywood
nos últimos anos.
Quem tem familiaridade com a
literatura cyberpunk já desconfia,
com razão, que o roteiro irá questionar qual é o mundo real e qual
é o virtual, dúvida que também é
o mote de "Matrix". Mas o livro
"Simulacron 3", de Daniel Galouye, que dá origem a "13º Andar", é
um primor de construção narrativa. O leitor (e, agora, o espectador) é surpreendido várias vezes.
Há uma pequena mudança no
final, visível concessão ao público
domesticado do cinema americano, mas não compromete o impacto de um filme instigante.
O novato Graig Bierko, que é
uma espécie de versão mais jovem de George Clooney, funciona
bem como Hall, equilibrando as
doses de heroísmo e de estupefação do personagem. A loirinha
Gretchen Mol (de "Cartas na Mesa", com Matt Damon e Edward
Norton) não compromete como a
enigmática Jane Fuller.
Sem tanta pirotecnia e o caminhão de referências cinematográficas de "Matrix", "13º Andar"
acaba indo mais fundo na discussão do mundo virtual. Sem esquecer como se faz bom cinema.
(THALES DE MENEZES)
Avaliação:
Filme: 13º Andar
Título original: The Thirteenth Floor
Produção: EUA, 1999
Direção: Josef Rusnak
Com: Graig Bierko, Gretchen Mol,
Vincent D'Onofrio e Armin Mueller-Stahl
Quando: a partir de hoje nos cines Lar
Center 3, SP Market 5 e circuito
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