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CINEMA
Diretor de "Kurt & Courtney" participa de mostra em Amsterdã
"Foi Courtney Love que se fez de vilã", diz Nick Broomfield
AMIR LABAKI
enviado especial a Amsterdã
O documentarista britânico Nick
Broomfield é mais um bom entrevistador que odeia dar entrevistas.
O incansável caçador de celebridades não é presa fácil. A questão de
temperamento combinou-se neste
ano à explosão de sua própria fama, com o veto à projeção no Sundance Festival de "Kurt & Courtney", o polêmico filme que investiga o envolvimento da cantora e
atriz Courtney Love na morte de
seu então marido, Kurt Cobain, o
líder da banda Nirvana.
"Kurt & Courtney" participou
da mostra competitiva da 11º edição do Festival Internacional de
Documentário de Amsterdã. Não
surpreendeu ninguém que todas
as sessões estivessem abarrotadas.
Num intervalo entre projeções, a
Folha conseguiu fisgar o arisco
Broomfield para a seguinte entrevista exclusiva.
Folha - Qual a diferença entre a
versão de "Kurt & Courtney" que
está sendo exibida em festivais e
aquela que a BBC levou ao ar recentemente?
Nick Broomfield - Por razões de
ritmo há um maior uso de música
na versão da TV. Além disso, como
a legislação britânica referente a
calúnia e difamação é mais rigorosa, tive que cortar alguns depoimentos. Tirei trechos das entrevistas com El Duce (um punk que
afirmava que Courtney ofereceu-lhe dinheiro para matar Kurt),
com o advogado Tom Grant e com
o ex-namorado de Love. O resultado é um filme diferente.
Folha - Como você responde à
crítica de ter sido tendencioso ao
não incluir nenhum depoimento
favorável a Courtney Love?
Broomfield - Não encontrei ninguém que tivesse algo bom para dizer sobre ela. E, garanto, tentei.
Acho que Courtney derrota a si
própria no filme. Não comecei a
disputa. Não queria fazer inicialmente um filme que passasse uma
imagem negativa dela. Pelo contrário, gostava dela, queria entrevistá-la e pretendia que ela fosse a
protagonista do filme. Sinto muito
o que aconteceu. Foi tudo ela: ela
tentando parar o filme, cortar
meus financiamentos, evitar a exibição. Ela se fez de vilã.
Folha - Por que não foi adiante
seu projeto de filme sobre a princesa Diana?
Broomfield - Interessei-me pela
história no tempo do divórcio de
Charles e Diana. Achava que era
como uma peça de Shakespeare
em pleno século 20, com aquela
guerra entre facções em torno da
coroa. Quando a encontrei, perguntei se ela usaria um câmera Hi-8 todo o tempo durante alguns
dias. Ela respondeu: "Mas tudo
que faço, mesmo de mais privado,
já se torna público em cinco minutos!". Ao noticiarem nosso encontro, perdi o interesse e abandonei a
idéia.
Folha - Como está seu projeto de
um filme sobre Cuba?
Broomfield - Quero fazer um documentário sobre Fidel Castro. O
problema é descobrir como obter
uma entrevista com ele. Penso em
talvez organizar uma mostra de
meus filmes em Havana e conquistar gente da comunidade cubana
que possa facilitar-me o acesso.
Ouço sempre histórias de pessoas
em Havana que esperam meses
por Fidel. Não quero ficar dois ou
três meses em Havana e não conseguir nada. E já existe um filme brilhante sobre essa espera, "Waiting
for Fidel" (Esperando por Fidel),
de Mike Rupo.
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