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Documentário busca "engenho" do romancista
DA REPORTAGEM LOCAL
O historiador Afonso Arinos
de Melo Franco era rapaz
quando foi com José Lins do
Rego a uma partida de futebol.
Ficou escandalizado. O escritor
de "Fogo Morto" se envolveu
em uma confusão no estádio
na qual deu e arrecadou tapas.
A história não está em "Flamengo É Puro Amor". Quem a
conta é o cineasta Vladimir
Carvalho, que está preparando
um detalhado documentário
sobre a vida do romancista.
"O Engenho de Zé Lins" é o
título do projeto, que o diretor
de "Barra 68 " começou a gestar há mais de 30 anos.
Paraibano como o autor de
"Bangüê", Carvalho já tem nove horas filmadas, com depoimentos de amigos do autor, como Rachel de Queiroz, do escritor e colunista da Folha Carlos Heitor Cony, que chegou a
esboçar uma biografia de Zelins, e de familiares.
Um dos objetivos do filme,
estacionado pela costumeira
falta de recursos que acompanha o cinema nacional, é detalhar a personalidade instável
do escritor. "Ela alternava momentos de intensa euforia, onde cabe seu amor arrebatado
pelo futebol, com depressões
repentinas", conta Carvalho.
O trabalho, parcialmente fotografado pelo irmão do cineasta, o badalado Walter Carvalho, tem como algumas atrações uma raríssima imagem do
romancista em movimento, filmada no casamento da filha
Maria da Glória, e cenas do enterro do escritor, encontradas
no arquivo de Silvio Tendler,
co-produtor do documentário.
Não será a primeira experiência de José Lins do Rego
nas telas. Seu "Menino de Engenho", adaptado por Walter
Lima Jr. em 1965, virou marco
do cinema brasileiro.
(CEM)
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