São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003 |
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UMA CRÔNICA "Vi um povo de cabeça baixa, de lágrimas nos olhos, sem fala, abandonar o Estádio Municipal como se voltasse ao enterro de um pai muito amado. Vi um povo derrotado e, mais que derrotado, sem esperança. Aquilo me doeu no coração. Toda a vibração dos minutos iniciais da partida reduzidos a uma pobre cinza de fogo apagado. E, de repente, chegou-me a decepção maior, a idéia fixa que se grudou na minha cabeça, a idéia de que éramos mesmo um povo sem sorte, um povo sem as grandes alegrias das vitórias, sempre perseguido pelo azar, pela mesquinharia do destino. A vil tristeza de Camões, a vil tristeza dos que nada têm que esperar seria assim o alimento podre dos nossos corações. Não dormi, senti-me, alta noite, como se mergulhado num pesadelo. E não era pesadelo, era a terrível realidade da derrota." JOSÉ LINS DO REGO A crônica "A Derrota", de 18/7/50 Texto Anterior: Documentário busca "engenho" do romancista Próximo Texto: "Caminos de Eva": Vozes femininas desenham a Cuba atual Índice |
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