CRÍTICO DA FOLHA

Início de ano tristonho para casais, com "Coisas que Perdemos Pelo Caminho" e "P.S. Eu Te Amo", que giram em torno de como sobreviver a perdas. Há, entretanto, uma diferença razoável de registro entre eles: no primeiro, voltado para adultos, a atmosfera é sombria; no segundo, que mira os jovens, o tom é solar.
Na linha mais juvenil retrabalhada por "Love Story" (1970) e depois utilizada por êxitos como "Ghost - Do Outro Lado da Vida" (1990), o romantismo de "P.S. Eu Te Amo" vive de explorar a dor de um casal fofo desfeito por terrível capricho do destino. Mas, quando ela (Hilary Swank) supunha que ele (Gerard Butler, de "O Fantasma da Ópera" e "300") havia desaparecido para sempre, mensagens de conforto começam a chegar.
Mistérios do sobrenatural? Nada disso: é bem humano o sentimento que o levou a planejar tudo, com requinte mórbido que termina por soar encantador para a homenageada. Baseados em romance de Cecelia Ahern, o diretor Richard LaGravenese (que escreveu "O Pescador de Ilusões" e "As Pontes de Madison") e o roteirista Steven Rogers ("Kate & Leopold") recorrem a uma estrutura em flashbacks para realçar como o feliz encontro entre os personagens procura driblar a morte graças à persistência da memória.
E, como Hilary Swank já havia experimentado em "Menina de Ouro", o tempero vem da Irlanda. Pouco importa: em "P.S. Eu Te Amo", o romantismo busca nas locações só o que elas têm a oferecer, e bem, como cartão-postal. (SÉRGIO RIZZO)