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MÚSICA
Banda formada em 1979 volta à ativa após 21 anos, com lançamento em CD de "Violência e Sobrevivência"
Lixomania revigora raízes do punk rock
JEAN CANUTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Após duas décadas longe do
movimento que ajudou a consolidar no Brasil a partir do final da
década de 70, o punk, a banda Lixomania volta à labuta com formação clássica.
Formada em 1979 sob influências de Sex Pistols, The Clash e
Stiff Little Fingers, a banda foi a
primeira a lançar um registro individual no Brasil, o compacto
"Violência e Sobrevivência", que
ganha relançamento pelo selo japonês Speed State.
O nome surgiu devido a comentários de amigos, parentes e vizinhos, que conferiam por tabela ou
não a barulheira que o quarteto
fazia. "Que lixo é este que vocês
estão tocando?", diziam. Não deu
outra, coloquei o nome de Lixomania", conta Adalto, baixista da
banda.
A primeira grande exposição
aconteceu no mundialmente repercutido festival O Começo do
Fim do Mundo, realizado em novembro de 1982 no Sesc Pompéia,
em São Paulo. O evento revelou
ao país uma juventude revoltada,
que encontrou na guitarra, baixo
e bateria (e berros) uma forma de
expressar sua indignação.
A participação no festival rendeu à Lixomania uma faixa no LP
homônimo comemorativo lançado após o festival.
Devido às brigas e confusões
que abraçaram os primeiros anos
do movimento, a banda encerrou
precocemente as atividades, em
1983. "Depois de uma pancadaria
que rolou durante nosso show no
extinto programa "Fábrica do
Som", da TV Cultura, vimos que
não dava mais, virou guerra de
gangues ", explica o baterista Miro de Melo.
Pouco antes disso, o grupo tratou de acrescentar mais uma efeméride à sua curta trajetória: a de
tornar-se um dos primeiros grupos a levar o punk paulista para
outros estados.
"Lembro de um show surreal
que fizemos no Circo Voador, no
Rio, em que os Paralamas [do Sucesso] abriram pra gente", lembra
Melo.
O baterista revela que a banda
chegou a receber proposta de
uma grande gravadora na época,
mas teria que incorporar teclados
ao som. "Não rolou", desconversa. Aproveita ainda para apontar
que muitas bandas que fizeram
sucesso no boom do rock brasileiro oitentista deram bons goles na
fonte punk. "Basta prestar atenção em algumas músicas de grupos como o Camisa de Vênus, Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Titãs,
Legião Urbana e Capital Inicial",
alfineta.
Hoje já grisalhos e mais roliços,
os integrantes da Lixomania seguiram rumos diversos até o
reencontro. O baterista Miro de
Melo, 42, permaneceu trabalhando com música, comandando o
365. O guitarrista Tikinho, 41, trabalha com imóveis. Já o vocalista
Moreno, 46, tornou-se publicitário, e o baixista Adalto, 44, é prestador de serviços gerais.
Já ensaiaram reativar o grupo
algumas vezes, mas voltaram
atrás sobretudo para preservarem
o passado e o nome da banda de
uma possível descaracterização.
O empurrão que faltava veio
com o convite especial para duas
apresentações no festival O Fim
do Mundo, no Tendal da Lapa, no
final de 2002. Logo depois passaram a fazer ensaios regulares e tocaram para um seleto grupo de
pessoas em uma tradicional festa
punk no Hangar 110.
Tikinho frisa que a banda não
mudou nada. "Só ficamos mais
chatos no sentido de ter uma estrutura melhor para tocar. Queremos fazer um show com mais
qualidade para o público", finaliza Moreno.
Os punks não morreram.
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