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TV ABERTA
"Queer as Folk", do Channel 4, traz personagem de 15 anos e exibe cenas de sexo; drama, que perde audiência, também não agrada gays
Novela homossexual gera polêmica no Reino Unido
ISABEL CLEMENTE
de Londres
É cada vez maior o número de reclamações sobre "desnecessárias
cenas de sexo" em programas de
TV no Reino Unido, de acordo
com a Broadcasting Standards
Commission, o órgão responsável
pela auto-regulamentação de programas de TV e rádio.
O último a engrossar a lista dos
programas "condenáveis" foi a novela "Queer as Folk".
Trata-se de um drama em oito
capítulos do Channel 4 -um dos
cinco canais abertos do Reino Unido- transmitido toda terça-feira,
às 22h30.
A novela vem gerando polêmica
devido, principalmente, ao fato de
um dos três protagonistas, todos
homossexuais, ser um garoto de 15
anos, vivido por um ator maior de
18, segundo a emissora.
Além de mostrar cenas de sexo,
que não chegam a ser totalmente
explícitas, mas que incomodaram
espectadores pelo grau de veracidade sugerido, "Queer as Folk" recebeu mais de cem reclamações no
primeiro capítulo.
Também perdeu audiência. Dos
2,2 milhões de telespectadores sintonizados no canal, 750 mil desligaram ou mudaram de programa
durante a estréia.
Segundo episódio
O segundo episódio foi ao ar na
noite de anteontem, sem alterações quanto ao seu conteúdo, apesar de a Broadcasting Standards
Commission ter avisado que examinaria a fundo se a novela está ferindo o código para a qualidade de
programas televisivos.
Diz o código da comissão que a
relação de um adulto com uma
criança pode ser tema de novelas e
filmes.
Proibido, segundo o código, é
encorajar esse tipo de comportamento.
A Associação Nacional de Telespectadores e Ouvintes reclamou da
novela, que definiu como "um pedaço de propaganda para o homossexualismo".
Preconceito
Para alguns ativistas gays, a novela não acrescenta muito à luta
contra o preconceito.
"Queer as Folk" é uma expressão
antiquíssima que significa "as pessoas são estranhas". Sozinho,
"queer" (também estranho, esquisito) tanto é um insulto para homossexuais -o equivalente a
"veado", em português- como
um termo cada vez mais usado pelos próprios, na tentativa de acabar
com o tom pejorativo da palavra.
Sexo explícito
O diretor de drama do Channel 4,
Gub Neal, disse que há apenas três
cenas de sexo explícito nos oito
episódios da série. A chamada para
o próximo capítulo mostrou cenas
de sexo a três.
Para Neal, há preconceito por
trás das reclamações. Ele questiona se haveria tantas queixas caso as
mesmas cenas fossem protagonizadas por um homem e uma mulher.
Para alguns críticos de TV da imprensa britânica, o programa é
"descompromissadamente agressivo".
Antes da transmissão dos capítulos, os telespectadores são avisados sobre o uso de cenas e vocabulários pesados.
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