da Reportagem Local


Solta seu terceiro disco, também finalmente, a banda americana cult Eels, liderada por um sujeito para lá de esquisito que se auto-intitula "E", ou "O Homem Chamado E", que um dia nasceu Mark Oliver Everett.
"Daisies of Galaxy", o álbum, é o sucessor do irregular "Electro-Shock Blues", de 1998, álbum funesto ao extremo, inspirado pelo suicídio da irmã e pela morte inevitável da mãe de E, à época muito doente. Barra pesada.
O hiato de dois anos revela que a vida de E, pelo menos baseado no novo disco, voltou a ficar cor-de-rosa. Capa alegre, letras animadas ("Eu adoro passarinhos"), canções singelas. O Eels desta vez acertou.
"Daisies of the Galaxy" é o que Beck faria se não virasse "experimentador" e se aproximasse demais em conceito da frouxa MPB.
É um disco inspirado no que o rock americano tem de melhor quando junta o pop barulhento com country rock, indie music, baladas.
"Daisies of the Galaxy" vem impregnado de ótimas narrativas biográficas que ajudam a compreender o misterioso universo de E, que já chegou a afirmar que o Eels não é uma banda, e sim um mutante veículo para contar suas histórias.
Em "Grace Kelly Blues", por exemplo, música que abre o disco, um som de fanfarra prenuncia o discurso de E, que versa sobre uma viagem recente que o músico fez a Paris, onde recorda ter fascinado com um mímico que encontrou em uma rua.
Já a bela "I Like Birds", E discorre sobre a mãe, que adorava pássaros e tinha livros sobre aves espalhados pela casa inteira.
Mas E não é um cara simples. Debaixo dessa frugalidade do álbum, desconfia-se, reside uma ironia e um humor negro rasgado. De qualquer forma, como "Daisies of the Galaxy", qualquer que seja seu "tema", combina com música pop. Ganha quem adquire este disco.
(LR)

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