São Paulo, quinta-feira, 04 de abril de 2002

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GASTRONOMIA

Provence australiana


Barossa Valley, na Austrália do Sul, produz 25% do vinho do país, com destaque para o tinto de uva syrah


LEANDRO FORTINO
ENVIADO ESPECIAL À AUSTRÁLIA

A 90 km ao nordeste de Adelaide, capital do Estado da Austrália do Sul, há uma região privilegiada de onde sai 25% da produção anual do reconhecido e badalado vinho australiano, que pode ser encontrado em importadoras e supermercados brasileiros.
O lugar, conhecido por Barossa Valley, tem atmosfera alemã, por causa de sua colonização no século 19, e sabor da Provence francesa, com os vinhedos da região atraindo fabricantes de produtos naturais, feitos com o que a agricultura local oferece.
O vale é formado por cinco pequenas cidades: a principal, Tanunda, Seppeltsfield, Nuriootpa, Angaston e Bethany.
Foi em 1842 que os primeiros alemães pisaram na Austrália do Sul. No princípio, não entendiam nada do cultivo de uvas e da produção de vinho, mas perceberam o potencial da região.
Logo plantaram videiras, vindas de conceituadas regiões francesas -Bordeaux, Rhône e Borgonha-, que hoje ocupam uma planície de 25 km de comprimento por 11 km de largura, onde se distribuem mais de 50 vinícolas.
Quase todas são abertas para o público para degustações e vendas de garrafas e dispõem de restaurantes com pequenos quitutes, patês e sanduíches.
A maior parte das vinícolas pertence a famílias, como é o caso da Yalumba, a maior da Austrália, que ainda permanece sob o controle do mesmo sobrenome.
A principal uva cultivada para a elaboração de tintos é a syrah, da região francesa do Rhône, conhecida apenas na Austrália por shiraz. Fora de seu local de origem, essa uva é cultivada com êxito somente em solo australiano.
É na vinícola Langmeil onde foram plantadas as primeiras videiras de shiraz, em 1843.
A precisão nas informações acontece pois o local é um dos únicos que documentou a evolução do cultivo de uvas na Austrália do Sul, com fotos da época expostas em sua sala de degustação.
A partir das shiraz são elaborados alguns dos melhores vinhos locais e até uma particularidade australiana: o casamento delas com as uvas cabernet sauvignon, para compor um vinho de resultado bastante incomum e curioso.
Os tintos ainda são a opção ideal para acompanhar a carne de canguru (sim, é possível comer filés do marsupial), similar à carne bovina e de baixa gordura, servida ao ponto, geralmente acompanhada de molho doce e legumes.
Entre os vinhos brancos, as melhores garrafas ficam para as preenchidas com vinhos de uva riesling, semillon e muscat.
No Brasil, é possível encontrar vinhos australianos a preços que variam de R$ 35 a R$ 154, em supermercados e importadoras.


O jornalista Leandro Fortino viajou a convite do Departamento de Relações Exteriores e Comércio da Austrália



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